Selecione o idioma para traduzir os textos do blog.

Mostrando postagens com marcador Itamar Espíndola. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Itamar Espíndola. Mostrar todas as postagens

sábado, 5 de novembro de 2011

Vinhetas

      1. LIPOGRAMA. Significa composição literária na qual deixam de ser empregadas uma ou mais letras do alfabeto.
      O estimado jornalista Raimundo Andrade de Paiva enviou-nos este de sua autoria, sem as vogais A, I e U:
       "No mesmo momento, nos olhos dele, de frente, podemos ver-lhe o medo de ser. Com o emprego do processo do jogo da mente podem ser descobertos os poderes deste desonesto homem. Sempre oro pelos erros dele e se é venenoso e ofende é porque todos o têm como elemento doloroso, pelo proceder constante.
Só é bom entre nós o decente e o de senso. Corromper os outros é perverter-nos, sendo desconforme com o nosso ego.
       Por onde formos deveremos oferecer bons exemplos, mesmo sem retorno.
       Ordem e progresso é o que devemos ter em mente em prol do nosso desenvolver e esperemos por melhor sorte no decorrer dos tempos.
        Se sofremos pelos desonestos, demonstremos ser-lhes corteses, porque se eles nos compreenderem, nós os entenderemos. Voltemos os olhos em favor deles e teremos como certo o bom êxito".

       2. CULTO, ERUDITO E SÁBIO. Três termos não equivalentes. O culto é instruído, sabedor. O erudito tem saber variado e profundo. O sábio possui os conhecimentos dos dois primeiros, acrescidos de talento incentivo, criador.

Publicado em 18 de outubro de 1986
Jornal O POVO                                                 Itamar Espíndola

sábado, 13 de agosto de 2011

Vinhetas

OPÇÕES. Se você fosse obrigado a escolher, preferia:
a) Comer dez besouros ou cinquenta formigas pequenas?
b) Ser picado por uma cobra ou ser mordido por um cachorro doido?
c) Andar o dia todo com os sapatos trocados ou com uma pedrinha dentro de cada um?
d) Ser picado por cinco abelhas africanas ou dormir no chão de um galinheiro cheio de aves e formigas?
e) Ser perseguido por um touro ou por um ladrão?
f) Sentar-se um minuto sobre uma brasa ou quinze minutos numa cadeira com espinhos?
g) Perder um grande amigo ou um grande protetor dos seus negócios?
h) Ser talentoso sem cultura ou culto sem talento?
i) A noite ouvindo o cri-cri de um grilo ou o miado de um gato?
j) Perder o dedo de um pé ou o dedo da mão?
l) Passar a noite ouvindo o ruído de um armador ou o "ladrão" da caixa-d'água derramando líquido?

Publicado em 10 de janeiro de 1987
Jornal O POVO                                                    Itamar Espíndola 

sábado, 16 de julho de 2011

Vinhetas

1. O número três na religião católica está presente muitas vezes. As pessoas da Santíssima Trindade, Pai, Filho, Espírito Santo. Os cravos da crucificação de Cristo. As virtudes teologais, fé, esperança e caridade. Os reis magos adoradores de Jesus, Baltazar, Belchior e Gaspar. As Marias acompanhantes da paixão de Jesus, Maria Santíssima, Maria Madalena e Maria Cléofas. A negação de Pedro a Cristo, antes de o galo cantar três vezes. Os dados com os quais os soldados disputaram a túnica de Jesus. As três cruzes, no Calvário, a de Cristo, a de Gestas (mau ladrão) e a de Dimas (bom ladrão). As perguntas do Salvador a Pedro se o amava, após as quais lhe conferiu a Chefia da Igreja. Os terços do rosário. Os destinos da alma humana (céu, purgatório e inferno). As cruzes da persignação, na testa, na boca e no peito. As quedas de Cristo, rumo ao calvário. Os anjos, Gabriel, Miguel e Rafael. 

2. Seu pavor relativamente ao fim do mundo não tem sentido. Leia o Evangelho de São Mateus: "Ouvires falar de guerras e de rumores de guerra. Isto não vos perturbe porque é necessário acontecer. Mas ainda não será o fim. Levantar-se-á nação contra nação, reino contra reino, e haverá fome, peste e grandes desgraças em diversos lugares. Tudo isto será apenas o início das dores. Então sereis entregues aos tormentos, matar-vos-ão, e sereis por minha causa objeto de ódio para todas as nações... Levantar-se-ão muitos falsos profetas e seduzirão a muitos... Este Evangelho será pregado pelo mundo inteiro para servir de testemunho a todas as nações, e então chegará o fim." (vinte e quatro, seis-quatorze).

Viu bem? Todos estes sinais ainda não se acham presentes no mundo, embora comecem a chegar. De qualquer maneira, pessoa alguma sabe quando virá o final. Na verdade, está no mesmo São Mateus, vinte e quatro, trinta e seis: " Quanto àquele dia e àquela hora, ninguém o sabe nem mesmo os anjos do céu, mas somente o Pai

Publicado em 14 de dezembro de 1985
Jornal O POVO                                          Itamar Espíndola 

sábado, 9 de julho de 2011

Vinhetas

    1. Em geral, há irreprimível alergia ao fofoqueiro (mexeriqueiro) e ao invejoso.
    O termo fofoqueiro, brasileirismo popular, foi cunhado no século XX. Mas o fuxico, e portanto o fuxiqueiro, sempre existiu em todos os tempos. Talvez haja ligação entre fofoca e fofo, esta palavra significa macio, brando. E é assim o comportamento do fofoqueiro. Diz como não quer dizer, fala como quem não deseja transmitir intriga, apresenta-se como noticiador sem maldade, visando "apenas" a prevenir a pessoa recebedora da fofoca. Se surpreendido, veste-se com pele de cordeiro, inventa histórias para justificar a atitude. De qualquer modo deixa a maledicência derramar efeito prejudicial. 
    O invejoso é outro tipo aborrecível. Nunca elogia as pessoas, jamais lhes transmite notícias enaltecedoras feitas por terceiros. Mas sempre está prontinho para criticar, censurar, fazer restrições. Logo lê algum escrito ou então escuta conversa capazes de diminuir o conceito do atacado, procura dar-lhe ciência. Quer ver o circo pegar fogo. Busca o telefone para fornecer a má notícia. Ao mesmo tempo lamenta  fato, mas de maneira falsa, porque no mais íntimo lhe inunda a alma toda.
    A palavra inveja está ligada ao latim invidere (não quer ver). E na verdade o invejoso não deseja assistir ao bom êxito dos outros. Sempre torce pelo fracasso do próximo.
    A repulsa ao fofoqueiro e ao invejoso dá forte desejo de estar longe deles. 

    2. Requisitos para ser feliz: ter Deus no coração; paz de espírito; saúde física e mental; o necessário e mais um pouco para as necessidades básicas; e amigos sem interesse subalterno.

Publicado em 30 de novembro de 1985
Jornal O POVO                                       Itamar Espíndola  
  

sábado, 2 de julho de 2011

Vinhetas

Paz de espírito. Segundo Hans Selye, o clássico cobre o estresse, jamais uma enfermidade apanhará o indivíduo se tiver saudável o mesencéfalo, centro do sentimento. Destarte, se a pessoa gozar de tranquilidade psíquica, estará imune de qualquer doença, além de poder consertar qualquer dano do qual haja sido vítima.
Baseado em Selye, o médico japonês S. Aima deixou a Medicina ortodoxa, e estudou, três anos sequentes, a doutrina de Cristo. Em seguida passou a usar a Bíblia a fim de conquistar a paz de espírito para os clientes. Com este processo há conseguido curar os males físicos-mentais, e resolver os problemas  da vida de muitos.
Em chinês ou japonês, doença tem a significação de "desiquilíbrio da sensibilidade consciente". Se é corrigido, ocorrerá a cura.
Na mesma linha está o cientista Reilly. Ele comprovou ser importantíssimo o equilíbrio do sistema nervoso simpático. Se este sofre desajuste, o indivíduo fica a mercê de todos os vírus e bactérias.
Lute pela conquista da paz mental. Não permita preocupações no sofá de sua vida.
Em vez de preocupar-se, ocupe-se.

Publicado em 25 de outubro de 1985
Jornal O POVO                                            Itamar Epíndola

sábado, 25 de junho de 2011

Vinhetas

1. "Um lobo achou uma galinha, e resolveu matá-la. Comendo-a apressadamente, atravessou-se-lhe um osso na garganta. Vendo uma cegonha, rogou-lhe extraísse o corpo estranho, sob a promessa de dar boa compensação à 'doutora'.
Executando o trabalho, a cegonha cobrou o prometido. Mas o lobo respondeu: 'O favor a ti foi muito maior em relação ao feito a mim. Poderia haver-te cortado o pescoço quando estavas com ele em minha boca, porém não te quis matar. Fica um obséquio pelo outro.' "
A história demonstra não se dever esperar benefício prestado.
Às vezes a ingratidão seca a fonte da piedade, se a pessoa não tiver o espírito de Cristo.

Publicado em 16 de novembro de 1985
Jornal O POVO                                       Itamar Espíndola

sábado, 18 de junho de 2011

Vinhetas

1. Em geral o prestígio está na dependência do cargo ou da posição social, econômica ou política de cada um. Quando falta pouco tempo para o Juiz aposentar-se, sua influência social quase desaparece. Com o militar na reserva ou reformado dá-se o mesmo. De modo igual acontece com os governantes, nos últimos meses do mandato.
O evento relatado na carta da estimada leitora acha-se dentro de área semelhante. Em virtude do cargo de Chefa, você podia fazer favores, e por isso era cortejada. Agora os beneficiados lhe voltam as costas. Então homenageando o sucessor.
Há muitos anos, meu pai foi apresentado a uma exercente de cargo de manda na Secretaria da Fazenda: "Este é o Dr. José Eduardo Espíndola, Diretor da Recebedoria do Estado." A Chefa ergueu-se atenciosamente, estirou-lhe a mão e ficou em pé, sinal de apreço. Porém Espíndola, muito autêntico, esclareceu: "Diretor, mas aposentado." Foi o bastante para a senhora sentar-se de pronto, e dizer com desdenho: "Ah, bem, aposentado..." E  cortesia inicial foi-se ligeira.
Neste mundo cão, infelizmente o interesse é a regra das ações.
Contente-se. Viva com os próprios méritos. A gratidão é como cabelo na minha cabeça e na do Cel. Burlamaqui, dente na boca de velho ou dinheiro no bolso de pobre.

Publicado em 16 de novembro de 1985
Jornal O POVO                                         Itamar Espíndola

sábado, 11 de junho de 2011

Vinhetas

1. A primeira greve noticiada no mundo ocorreu no Egito, mil e quinhentos anos antes de Cristo, feita pelos escravos construtores dos monumentos do Faraó. A segunda foi em Huang-ho (China), novecentos anos mais tarde, deflagada por cerca de oitenta mil trabalhadores na construção de diques. Por ordem do Imperador, foram degolados perto de setecentos líderes responsáveis por esta greve.

  2. Somente quem foi enfermo grave, carente ou muito necessitado, sofreu injustiça, ingratidão ou calúnia ou então perdeu um grande amor sabe compreender o enorme sofrimento da vítima de qualquer destes eventos, e perdoar-lhe os momentos de grosseria, impaciência ou agressão. Irritar-se com ela seria negar-lheamor cristão.

Publicado em 9 de novembro de 1995
Jornal O POVO                                            Itamar Espíndula

sábado, 4 de junho de 2011

Vinhetas

       Inúteis os queixunbres contra a ingratidão. Quem é favorecido sempre procura fugir do benfeitor, para não serem lembradas as mercês recebidas, o emprego, o dinheiro emprestado, a boa orientação da qual resultou bom sucesso na vida do ingrato. Instala-se no beneficiado espécie de complexo de inferioridade. Não quer assumir a posição de devedor, e esta lhe parece a melhor estratégia. As pessoas em geral têm história símile meste campo. Nem Cristo escapou, apesar de sua união hipostática, Deus-homem. Negado três vezes por Pedro; traído por Judas; esquecido, à exceção de um, pelos leprosos curados; episodicamente vulnerado pela incredulidade de Tomé.
      Certa vez consegui bom emprego para um amigo, em cuja nova função passou a ganhar vinte vezes mais. Um dia pedi-lhe levasse uma carta ao Correio. Respondeu-me displicentemente: "Hoje não vou pra aquelas bandas". Outro, para quem obtive cargo efetivo de boa renumeração, deixou de trocar-me cinco mil cruzeiros, sob a alegativa de já haver fechado o "caixa" do órgão no qual servia.
      Ante a ingratidão, cabe lembrar o ensino de autor desconhecido, cujo trecho não decorei. Guardo-lhe porém as ideias centrais. Manda semear em qualquer circunstância, seja o solo áspero ou a chuva frequente, pois não é função do homem julgar a terra nem o tempo. Sementes existem a mancheias, o sorriso, a palavre de estímulo, de conforto, de aconselhamento, a dádiva, a saudação com a desejo da boa sorte, o beijo de afeto ou de amor, o emprego constante.
     Sem pedir recompensa, você a terá na alegria de ter espalhado o bem. Sem pleitar colheita, seus haveres multiplicar-se-ão, porque o trabalho se faz num reino onde dar é receber, perder a vida é ganhá-la, ajudar é construir para a comunidade.

Publicado em 05 de outubro de 1985
Jornal O POVO                                                     Itamar Espíndola

sábado, 28 de maio de 2011

Vinhetas

    1. Se você alcançou os cinquenta, certamente  já deu vários "pregos" de memória. Não se assuste. Vêm do desgaste das células cerebrais e diminuição da acetilcolina, um neurotransmissor importante. Além disso, a partir dessa idade o arquivo mental vai-se enchendo. Desde antes mesmo do nascimento, quando o cérebro está em certa fase, tem início o registro de experiências. Há o caso daquela senhora grávida, sétimo mês. Um dia atendeu a uma vizinha cuja morte resultou de suicídio. Na hora do fato lutuoso tocava o sino da igreja local. Após o nascimento, a criança assustava-se e chorava ao ouvir o toque no campanário. Numa análise médica alguns anos depois, a paciente relacionou o barulho das badaladas do sino com a ansiedade transmitida pala mãe na ocasião da morte da amiga. Então os distúrbios desapareceram.
     Mas, voltando às panes de memória, se você recebe cumprimento na rua, e não se recorda da pessoa, ou, caso de recorde, torna-se incapaz de pronunciar-lhe o nome. A chegada de outrem é a salvação, se este invoca o nome do amigo comum. Maior angústia surgirá se a pessoa disser: Garanto, você não me está reconhecendo". Isto aconteceu com o pe. Nini. Uma jovem lhe disse exatamente esta frase. O sacerdote retrucou: "Nada, minha filha, sei quem você é". "Pois diga  o meu nome", insistiu a moça. O padre não teve recurso, foi saindo e falando: "Deixe de ser perversa... 
     Às vezes está-se com um amigo. Ao apresentá-lo, não se consegue declinar-lhe o nome. Aquele sufoco! Noutra ocasião é o telefone da pessoa para quem se liga costumeiramente. Não mais vem o número à mente. Pior quando é esquecido o dia do aniversário do casamento. Quase sempre a desculpa não funciona, as amizades se rupturam. 
      Se quiser atenuar estas falhas, pratique os atos em geral experimentando-lhes a sensação física da execução correspondente. Conscientize-a. Se puser um livro na estante, concentre-se nisto, no pegá-lo, no colocá-lo adequadamente. Olhe-o na posição deixada. Ao sair do carro, pense na chave, segure-a bem, sinta o abaixamento dos pinos e o fechar das portas. Ao deixar a casa, tranque o portão, ouça o ruído. Andando, ponha a planta toda do pé ao tocar o chão. Todo este ritual dá ordem e tranquilidade, facilita reter melhor os atos, equilibra o sistema nervoso.

      2. Suplicava a mulher:
       -  Delegado, pelo amor de Deus solte meu marido!
       - Não posso. Ele me afrontou. Quis comprar-me!
       - Não ligue, não, homem. Quando ele se embebeda, a mania é comprar coisa ruim.

Publicado em 31 de agosto de 1985
Jornal O POVO
                                                                 Itamar Espíndola
     

sábado, 21 de maio de 2011

Vinhetas

1. Caro leitor. Não se prenda ao passado. Muita gente é assim, não quer assumir as consequências da última faixa etária. Os dias vão mutilando o tamanho da vida, em marcha inarredável na estrada do mundo menor. Não adianta olhar para trás porque às vezes pisamos em pedregulhos, e os pés sangram. A sabedoria reside em obstar o domínio do tempo sobre o psicossomático. A velhice virá fatalmente, mas deve acompanhar-nos sem atropelo. Com ela devemos pactuar bom relacionamento. Antes, sejamos cuidosos contra o excesso, as preocupações, o vício. Pensar somente na tarefa de cada dia, como aconselha o Evangelho, e deixar tudo fluindo nas mãos de Deus. Então, a derradeira fase etária será mais calma, sem apreensões. Quem obedece às regras de natureza e age prudentemente; é dadivoso e não fere os direitos alheios; ama sem interesse subalterno; fornece toda a disponibilidade ao irmão; e reparte o excedente com os desfavorecidos da sorte, jamais sofrerá os queixumes da consciência nem a censura da comunidade. Olhará as coisas boas da vida para colher-lhes os frutos opimos. É permitido recordar os idos da infância e da juventude, não porém nelas fixar-se obstinadamente, pois há muito trabalho para a missão de fazer o bem, amar a todos.

Nota - Vinhetas não usam "que". Nelas aparecem somente em trabalho cuja transcrição fazemos. 


Publicado em: 09 de março de 1985.
Jornal O POVO                                                      Itamar Espíndola

sábado, 14 de maio de 2011

Vinhetas

Gosto do tempo. É meu amigo predileto. Só me abandonará quando eu for para a Casa do Pai, onde os instantes, segundos, minutos e horas não têm vez. O tempo faz esquecer tudo, funciona como apagador dos acontecimentos. Hoje, você está contrariado por causa de uma indelicadeza, uma deslealdade, uma ingratidão. Algum tempo depois, vai esquecendo, jogando o aborrecimento na cesta para papéis inúteis. Dentro em pouco, estará no lixo irrecuperavelmente.

Dê tempo ao tempo ao tempo e suas preocupações serão sepultadas, como as anteriores caíram no olvido (esquecimento). Melhor ainda: como elas vão passar, abandone-as hoje mesmo, para não ter o trabalho infrutífero de aborrecer-se.


Publicado em: 29 de dezembro de 1984
Jornal O POVO                                             Itamar Espíndola 

sábado, 7 de maio de 2011

Vinhetas

MEMORANDO eventos históricos. a) No ano de 1786, o famoso poeta Bocage (Manuel Maria Barbosa du) esteve no Rio de Janeiro, como guarda-marinha da nau denominada "Nossa Senhora da Ajuda", quando tinha quase vinte e um anos e já era conhecido como bom improvisador. Nasceu em Setúbal (Portugal), em 1765. Foi autor de escritos ímpios, libertinos e sediciosos. Faleceu em 1805, aos quarenta anos. b) O sistema de numeração das casas foi iniciado no país em 1808,no Rio de Janeiro. Obedece atualmente ao critério de número de metros entre um e outro imóvel, em escala ascendente, do norte ao sul e do nascente ao poente. c) A carte régia de 31 de janeiro de 1701 estabelecida a obrigação de os senhores de escravos no Brasil permitirem a estes usar livremente o sábado para a aquisição de meios de subistência própria. d) Foi o "Guapiassu", da Armada Nacional, o primeiro vapor (assim ere chamado) a navegar o Rio Amazonas, partindo de Belém (PA). O percurso exigiu dez dias. Hoje, os transatlânticos despendem três dias em igual viagem.


Publicado em: 20 de julho de 1985
Jornal O POVO                                     Itamar Espíndola

sábado, 30 de abril de 2011

Vinhetas

1. O saudoso prof. Antônio Furtado sabia muito português. Certo dia, uma aluna cumprimentou-a assim:
- Há tempos não lhe vejo!
- Nem a gramática...
- Como? A gramática?
- Sim, porque o verbo "ver" pede objeto direto; "Não o vejo."
Quando um amigo brincou com o mestre e lhe disse; "Deus lhe abençoe",ele acrescentou sarcasticamente;
- E a gramática... a gramática...
Noutro ensejo, um colega falou;
- Furtado, eu lhe aguardo aqui na porta do Excelsior.
- E a gramática, "seu" ignaro.
Nos dois últimos caso, como o leitor, os verbos são também transitivos diretos: "Deus o abençoe" e eu o aguardo. 



Fortaleza, sábado, 01 de dezembro de1984 
Jornal O POVO                                                        Itamar Espíndola

Vinhetas

1. "A AMIZADE é paciente. A amizade é benigna. A amizade não é ciumenta. Não se infla de  de orgulho. Não procura o próprio interesse. Não se irrita. Não explora a injustiça, não se compraz na verdade. A amizade tolera tudo. Tudo crê. Tudo espera. Tudo suporta. A amizade nunca decepciona".

Aumente a capacidade de dar-se, não espere compensação. Isto lhe enriquecerá o espírito. Quando fizer o bem, já estará renumerado pelo ato praticado. Não guarde retorno; do contrário, sofrerá decepção. Cristo curou dez leprosos, e só um voltou para agradecer-lhe.
2. TROVAS "Sobe, porém não esqueças / dos amigos, na subida. Amanhã talvez tu desças, / e alguém te ampare à descida".
Fortaleza, sábado , 16 de junho de 1984
Jornal O POVO                                            Itamar Espíndola 

Vinhetas

1. CONVERSEI com uma amiga , falando-lhe sobre a experiência, a grande mestra da vida. Ela gostou do assunto, e me pediu reduzisse a escrito minha aprendizagem neste setor. Registro então as normas úteis pertinentes. Podem servir de auxílio aos outros.

a) Não insista longo tempo na procura de um objeto perdido. Em virtude da preocupação e do dissabor gerados pela perda ocorrida, você dificilmente o encontrará logo. Passa por ele várias vezes, e não o verá. Peça a outra pessoa para fazer a busca ou realiza essa tarefa mais tarde ou noutro dia. Será então mais fácil encontrá-lo.

b) Quando um objeto pequeno cair de suas mãos, acompanhe-o, olhando o caminho por ele percorrido. Isto leva-lo-á a ver o lugar onde ficou.

c) Tenha sempre a chave dupla de sua casa, carro ou gaveta. A certeza de possuí-la afasta a impaciência e o aborrecimento quando houver perda de uma. Porém mande confeccionar outra, com brevidade no mesmo dia.

d) Não dê conselho, salvo se lhe for solicitado. De regra, as pessoas reagem às orientações não pedidas. Não gostam da interferência alheia, julgam-se capazes de dirigir-se.

e) Não queira saber de segredos. Se o próprio dono dele passou-o a você, fa-lo-á a outras pessoas nas quais confia. Quando o segredo for divulgado, você estará na lista dos suspeitos como inconvenientes, não reservados.

f) Jamais diga a outrem: "Não lhe disse? Você não quis ouvir...e aí está o resultado..."Quem erra nas decisões assumidas não gosta de ser admoestado.

h) Quando telefonar, use expressão desta espécie: Por gentileza, poderia chamar a Dra. Mônica Campos Hanson? Aqui está falando Glauca Ferrer Dias Martins." Em geral, quem atende a telefonema, mesmo estando irritado, abranda quando se lhe pede favor, usando frases amáveis. E evitará e indagação costumará: "Quem quer falar com ele?"

i) Se você não tem vocação para humorista, não conte anedota. É uma decepção para o "anedotista" e para os ouvintes. Mas, caso seja vocacionado para o mister, aproveite um fato/adequado para dizer a anedota. Não relate sem propósito.

j) Na conversa, não procure ser o centro das atenções. Sobretudo falando demasiadamente. Dê oportunidade aos demais participantes.

l) Não seja palmatória do mundo, criticando tudo e apontando as falhas alheias. Examine-se, veja os seus defeitos e os corrija. Tornar-se-á pessoa estimada e servirá de exemplo aos outros, em proveito de um mando melhor.

m) Não discuta assuntos de religião. A opção pelo caminho religioso é problema de cada um, questão de foro íntimo.

n) Não interrompa o interlocutor. É indelicadeza, falta de educação. Ouvindo atenciosamente o outro, você se prepara para as respostas e argumentos adequados.

o) Não se amarre no relato das coisas  já ocorridas. As demais pessoas não se interessam por eventos com outrem, no passado. Goze o presente e anteveja as coisas boas do futuro.

p) Aos primeiros sinais de doença, vá ao médico. É a melhor forma de eliminá-la, menos prejudicial à saúde e o bolso.

q) Se você  teve a iniciativa de fazer a ligação telefônica, cabe-lhe o desligamento respectivo. Quem a recebeu não deve dar por encerrada a conversa. Cometeria ato de desapreço.

r) Não empreste livro, salvo se estiver disposto a perdê-lo. Aires de Monlalbo disse certa vez: "Tal é a sorte mesquinha, de todo livro emprestado: ou para sempre se perde, ou volta deteriorado."

s) Quando estiver  realizando uma tarefa, nela concentre-se, para obter maior rendimento. Pensar em muitas ao mesmo tempo perturba a perfeição do trabalho.

t)Após escrever um trabalho, nunca o leia logo. Faça-o horas depois ou, melhor, no outro dia. A leitura imediata dificulta descobrir os erros cometidos, porque a mente se encontra nas mesmas condições da ocasião da feitura da tarefa.

Publicado em: 18 de março de 1984
Jornal O POVO                                                
                                                                      Itamar Espíndola

sábado, 23 de abril de 2011

Vinhetas

1. TRADUÇÃO do original inglês, pelo mestre Luiz G. de Miranda Leão, da UEC, transcrevemos o manuscrito encontrado na Igreja de São Paulo, Baltimore, mil seiscentos e noventa e dois. Como excelente quêfobo, o tradutor elidiu do texto o afeante morfemático “que”:

         “DESIDERATA. Caminhe placidamente em meio ao barulho e à pressa, e lembre-se da paz existente no silêncio. Tanto quanto possível, sem submeter-se, tente estar em bons termos com todos. Fale sua verdade tranquila e claramente ouça os outros, mesmo os obtusos, os ignorantes; eles também têm sua história.
         Evite as pessoas barulhentas e agressivas; elas são vexames para o espírito. Se você comparar-se com os outros, pode tornar-se vaidoso e amargo, pois sempre haverá pessoas maiores e menores em relação você. Tenha prazer em suas realizações, bem como em seus projetos.
         Mantenha-se interessado na sua profissão, por mais humilde que seja; trata-se de um verdadeiro bem nas variações da fortuna. Seja prudente em seus negócios, pois o mundo está cheio de engodos. Mas não deixe isso cegá-lo quanto às virtudes ainda existentes; muita gente luta por ideais elevados e em toda parte a vida está plena de heroísmos. 
         Seja você mesmo. Especialmente, não finja afeição nem seja cínico em relação ao amor, porquanto apesar de toda aridez e desencanto o amor é perene como a grama.
         Aceite de bom grado o conselho dos anos, renunciando esportivamente às coisas da juventude. Alimente a força do espírito para protegê-lo diante do súbito infortúnio. Mas não se aflija com os produtos da imaginação. Muitos medos nascem da fadiga e da solidão. Além de uma disciplina saudável, seja generoso com você próprio.
         Você é uma criança do universo, tanto quanto as árvores e as estrelas; você tem direito de estar aqui. E que isso lhe fique claro ou não, sem dúvida o universo se está revelando, como seria de se esperar.
         Portanto, esteja em paz com Deus, seja qual for sua forma de concebê-lo. Sejam quais forem os seus labores e inspirações, no barulho confuso da vida, esteja em paz com seu íntimo. Com toda essa falsidade, trabalho estafante e sonhos despedaçados, o mundo ainda é belo. Tenha cuidado e esforce-se para ser feliz.”
              .
 Publicado em: 18 de fevereiro de 1989    
Jornal O POVO                                               Itamar Espíndola                                       

sábado, 16 de abril de 2011

Vinhetas

1. NO RIO, há um cearense nonagenário, porém ainda rígido, mental e fisicamente.
- O senhor tem mesmo noventa e quatro anos? perguntou-lhe Álvaro Melo.
- Sim, e devo minha saúde a não ter os vícios de beber, fumar e jogar.
- Vai sempre ao Ceará?
- Ia. A última vez faz uns dez anos. 
- Qual a razão de não ir mais?
- Porque podem me perguntar: "Você ainda está vivo?!"

2. ATÉ PROFESSORES atrapalham-se e escrevem "de certo", separando os dois termos. Grafe assim: decerto. É advérbio e significa "certamente", com "certeza". 
Cuidado também para escrever corretamente "por isso". Os dois termos separados.  
Quanto ao advérbio "porventura", a palavra é uma só. Tem a significação de "por acaso". "Por ventura", separadamente, significa "por felicidade".

3. UNESCO é a sigla de United Nations Esucational Scientific and Cultural Organization, isto é, Organização Cultural e Científica das Nações Unidas.
Segundo o seu entendimento, toda publicação composta de mais de quarenta e oito páginas é catalogada como livro. Antes, era considerada opúsculo. 

4. O GAROTO foi confessar-se.
- Padre, atirei uma pedra na cabeça de um colega.
- Você errou, filho.
- Nada, padre, acertei bem no meio da testa...

Publicado em: 04 de fevereiro de 1984 
Jornal O POVO
                                                       Itamar Espíndola 

sábado, 9 de abril de 2011

Vinhetas

1. PELO TIPO DE ANDAR conhece-se o comportamento do indivíduo nos atos da vida. Andar ligeiro pertence aos apressados, aos descontrolados. Vagaroso indica o enfermo, o velho ou o de atos lentos. Desequilibrado assinala o emotivo, impulsivo, sobretudo se os pés se põem como ponteiros do relógio quando marcam dez minutos para duas horas. Andar sentando toda a planta dos pés no chão revela tranquilidade, bom controle. Aliás, é andar a ser utilizado poe quem está nervoso, pois age como amortecedor das tensões. Quem caminha quase andando nas pontas dos pés sofrerá de inquietude, açodamento; por isso. age bem a mulher usuária de sapato baixo, sem salto. As plantas dos pés foram feitas por Deus para sentirem o aconchego da terra, grande eliminadora das tenções.
2. ENQUANTO E EM QUANTO. Enquanto (uma só palavra) é conjunção e significa "no tempo em que." Exemplo: "Enquanto Rita Albuquerque Campos trabalhava, sua irmã Lúcia (Mara) rezava."
Em quanto (duas palavras) compõe-se de preposição "em" e do pronome "quando." Significam "que quantidade de." Exemplo: "Em quanto tempo você termina a leitura desse jornal?
Publicado em: 28 de janeiro de 1984
Jornal O POVO
                                         Itamar Espíndola 

sábado, 2 de abril de 2011

Vinhetas

          1. O leitor conhece o texto de Out of Control?
          “Você não pode controlar a extensão de sua vida, mas pode controlar a largura e profundidade. Você não pode controlar o contorno de sua fisionomia, mas pode fazê-lo quanto às suas expressões. Você não pode  controlar a oportunidade dos outros, mas pode agarrar-se às suas próprias. Você não pode controlar o tempo, mas pode controlar a atmosfera moral circundante. Você não pode controlar os duros tempos ou os dias de chuva, mas pode reservar dinheiro no banco, para sua garantia, nesses momentos.
          Por qual motivo você se aborrece com as coisas incontroláveis? Mantenha-se ocupado, controlando as coisas dependentes de você”.
          Esta tradução me foi enviada pelo amigo poliglota João Hipólito Campos de Oliveira, do Instituto do Ceará.
         2. HÁ MUITAS PESSOAS vivendo isoladas, quase sozinhas. Umas estão aposentadas, outras marginalizadas por terem perdido posição de relevo social, econômico ou político. Ninguém lhes telefona ou convida para reunião ou passeio. Em algumas, há reação típica de orgulho, revolta ou mascaramento. Se alguém as procura, surpreende-se com resposta singular: “Querida, estou com visita muito importante. Eu te telefono mais tarde. Certo?”
         Chocada, a amiga se irrita. Trata-se, no entanto, de comportamento de defesa. A isolada visa a dar impressão de achar-se ainda com prestígio e utiliza esse estratagema. Não se zangue não, leitora. Volte a telefonar. Dê à pessoa amiga o apreço imprescindível, justamente na hora de maior necessidade.

  Jornal O POVO
                      Itamar Espíndola