O homem primitivo não se via distinto da natureza, tinha uma integração cósmica com o universo. Ele o concebia uno, inteiro, algo do qual, de algum modo, fazia parte. Mas, desde que tomou consciência de si, teve necessidade de transcendência, ou seja, de ultrapassar os limites da matéria, do mundo físico, de buscar um elo entre a fugacidade aparente da vida e a eternidade. O ser humano vem tentando desvendar os mistérios da origem e de além-morte.
Quando seus questionamentos se perderam entre esses extremos pontos-de-interrogação, surgiu o primeiro deus. A esse deus seguiram-se outros para os quais erigiu altares, procurando materializa-los em carvão, pigmentos e pedras, numa tentativa, não só de responder a suas dúvidas, mas também de apaziguar as forças selvagens da natureza, de enfrentar as batalhas a serem travadas com o mundo hostil que provocava insegurança e medo. Criou mitos, rituais e pintou e desenhou tudo isso, além da morte em transparências metafísicas para poder enfrentá-la.
O homem primitivo registrou imagens plenas de significado nas paredes das cavernas. Essas cenas, mais do que instantâneos extraídos de seu cotidiano, procuravam representar sua percepção cada vez mais acurada do meio em que vivia, suas descobertas, bem como suas tentativas de contatos mágicos.
Num sentido mais amplo, o homem observava os ciclos da vida e das coisas que desafiavam sua curiosidade infinita. Ele fez associações, verificou certas constâncias que pareciam apontar para regras e sistemas, e, embriagado de razão, tem caminhado no eterno desvendar do cada vez mais amplo mundo da matéria.
Mas há uma parte da natureza humana que não se alimenta apenas da interação com o mundo concreto. Há caminhos mais abstratos a percorrer, sentimentos e necessidades que nem sempre são objetivos ou equacionáveis. A arte procura expressar essas necessidades e sentimentos.
Adaptado e inspirado de trecho do livro A arte literária brasileira - Editora Moderna.
Erika creo que desde tiempos inmemoriales estamos intentando dar explicación a lo que no conocemos y la religión es una de ellas. Las distintas religiones para ello crearon sus mitos representados en esculturas o pinturas.
ResponderExcluirSaludos.
Mais um texto fantástico, que resumiu de uma forma notável, o percurso da arte, associado à história do Homem...
ResponderExcluirBelíssima partilha, Érika! Beijinhos
Ana