Embora um velho ditado português afirmar que " onde há rede de pescar, há renda", no nordeste o artesanato doméstico de rendas não é encontrado somente no litoral, mas também no interior. As rendas brasileiras produzidas no Nordeste são de três tipos: renda de bilro, que é trabalhada com peças semelhantes a fusos, alfinetes e espinhos de cactos; renda de labirinto ( "crivo", entremeando o tecido de blusas, vestidos e toalhas de mesas), que pode ser trabalhado como "cerzido" ( o pano é desfiado, abrindo-se espaços onde se borda a renda) ou como " palhetão" ( o pano é feito com espaços vazios nos quais se faz a renda); e por fim, a renda de filé, que é trabalhada sobre uma trama aberta (rede) feita a mão. É usada em toalhas de mesa, colchas, cortinas, vestidos, blusas, etc.
Segundo Florence Lewis May, em seu livro Hispanic Lace and Lace Making ( Nova York, 1938), as rendas brasileiras vieram de Portugal, que as recebera de Flandres, da França e da Itália. Na Espanha, essa indústria intensificou-se no reinado de Carlos V. A renda portuguesa sofreu também influência do Oriente (Pérsia, China e Índia). O grande desenvolvimento do artesanato rendeiro, no entanto, se deu no século XVII, quando se tornou comum na Europa a utilização de rendas tanto nos trajes masculinos como nos femininos. O fabrico das rendas é uma atividade regional, inteiramente realizada por mulheres. A feitura de rendas de bilro, por exemplo, é uma atração turística: sobre uma almofada é colocado um cartão com o desenho de renda; os pontos são espetados com alfinetes e o fio da renda é trabalhado com auxílio de peças de madeira, que são movidas com extrema rapidez, produzindo um ruído característico.
Uma indústria artesanal
Para alguns, a renda nordestina tem perdido sua delicadeza devido à rapidez com que é feita atualmente. É que esse artesanato das mulheres e filhas de pescadores é fundamental para a economia de muitas famílias pobres. As rendeiras trabalham depressa e simplificam as rendas, procurando um colocação imediata para seus produtos. Geralmente as mulheres vendem suas rendas aos comerciantes, que lhes pagam um preço irrisório. Estes, por sua vez, revendem para os agentes do sul do país - onde se estabeleceram lojas especialmente dedicadas à venda das "rendas do norte" - , que as vendem a preços altíssimos.
De certa maneira, todas as regiões rendeiras do Nordeste (Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco) acabaram se tornando grandes subsidiárias das rendas "do Ceará". Mas, de fato, o principal centro da produção de rendas do país continua sendo Aracati. Assim, apesar do declínio de sua arte (conhecida na Europa desde a Antiguidade), as humildes rendeiras continuam ainda hoje realizando " os belos artefatos destinados a enfeitar as roupas e as alfaias de gente rica".
Ah, além disso, se você for na ENCETUR, no centro de Fortaleza, pode tira uma foto de uma artesão confeccionando renda!
E aí, vocês gostaram de saber mais sobre a renda?
Fonte: Enciclopédia Conhecer Atual - Brasil - Editora Abril.
Agora você pode fazer várias peças de crochê quando quiser e de qualquer lugar, online.
ResponderExcluirCaso tenham interesse vá até o site: https://bit.ly/3cEoau8
Aqui no nosso país, a renda de bilros, ainda se vai fazendo, e é muito apreciada, em algumas regiões do país!...
ResponderExcluirMais um artigo super interessante, por aqui! Gostei imenso!
Beijinhos
Ana