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segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Arte Grega e Romana

As artes da Grécia e da Roma antigas caracterizam-se por um senso de proporção, harmonia e equilíbrio. Desde o Renascimento, a decoração clássica tem muitas vezes servido como proveitosa fonte de ideias para os arquitetos e as figuras clássicas têm enriquecido a obra de poetas, pintores e escultores. De maneira geral, a forma clássica tem exercido uma ampla influência sobre todas as artes nos últimos 2.500 anos.

Essa influência vem em parte da arquitetura, escultura e cerâmica remanescentes (que tem sido pesquisadas, coletadas e catalogadas com relativo sucesso desde o século XVIII) e, em parte,  de textos dos antigos sábios romanos. Entre estes sábios estava Vitrúvio, séc I a.C, cujos textos sobre arquitetura inspiraram Paládio no séc. XVI e Filostrato, séc. II/III, ambos estudados por Mantegna e Rubens em busca do conhecimento das obras desaparecidas dos pintores gregos Apeles e Zêuxis.

Embora atualmente até mesmo fragmentos de potes gregos sejam valorizados, os próprios gregos e romanos eram mais materialistas e preferiam peças elaboradas em ouro e prata. Os artigos em metais preciosos eram os primeiros a ser saqueados ou fundidos em tempos de guerra ou escassez- assim, a maioria dessas obras desapareceram. Restaram, no entanto, as descrições de enormes quantidades de esculturas e vasos feitos em ouro e prata, materiais preferidos pelos melhores artesãos, em relicários, templos e nas casas dos ricos.

O Período Arcaico

O remanescente da arte grega arcaica ( séc. VI e início do séc. V a.C.) consiste principalmente em mármore, cerâmica e algumas peças de bronze. Os artigos de luxo são representados por brasões esculpidos em pedras semipreciosas, jóias e moedas. Além do bezerro de prata em Delfos, talvez o mais impressionante objeto do período ainda existente seja o gigantesco Vaso de Vix, com um metro e sessenta e quatro de altura, utilizado para misturar vinho. A estatueta de uma mulher na tampa e os guerreiros na frias do pescoço do vaso mostram o famoso sorriso enigmático conhecido como " sorriso arcaico", característico de boa parte da escultura ainda no séc. V a.C - costumamos vê-lo nos kouroi (rapazes) e korai (virgens) em mármore de autoria desconhecida, ou na decoração pintada da cerâmica grega arcaica.

Kouros em mármore da Grécia Arcaica.
Inspirados em exemplares egípicios, os jovens nus eram
caracteristicamente esculpidos na posição de caminhada, tendo os punhos cerrados.
Um dos artistas mais procurados no séc. VI a.C. era Teodoro de Samos, que fez um vaso para vinho em ouro e uma videira ornamentada com jóias para o quarto de Dario, rei da Pérsia. Fez também o anel do tirano Polícrates e uma tigela de prata que estava entre os presentes enviados ao templo de Delfos por Creso, o rei da Lídia- junto com outros presentes como uma estátua feminina de um metro e oitenta centímetros de altura, provavelmente de ouro maciço. No entanto, era mais comum que as esculturas dos templos fossem de madeira ou mármore, revestidas com ouro. Por este motivo, uma estátua de Apolo em Esparta foi considerada inacabada até receber uma camada de ouro. Acredita-se que uma estátua roubada de Delos por um persa no ano de 490 a.C., era coberta de ouro, assim como uma das mais antigas estátuas gregas esculpidas em mármore, doada por um faraó egípcio a um templo em Lindos em meados do séc. VI a.C. Presume-se que essa prática tenha se originado no Oriente Médio, sendo que até hoje os gregos costumam revestir seus ícones com metais preciosos.


O Período Clássico

No período clássico ( séc. V e IV a.C. )  há também marcada discrepância entre o que existe e o que sabemos que existiu. A escultura em mármore que um dia adornou o Paternon de Atenas é considerada um exemplo do ideal clássico; em geral, nos esquecemos que seu custo representa cerca de 4% do custo total do edifício e que 50 % foram destinados  à estátua cultuada de Atenas Partenos, feita por Fídias em ouro e marfim. Com vinte e seis metros de altura e um total em ouro avaliado atualmente em vinte milhões de dólares, esta e a outra grande obra-prima de Fídias, o Zeus de Olímpia, foram considerados pelos gregos as maiores obras em seu tempo, sendo este útlimo o mantido pelos descendentes de Fídias ainda no século II. Contudo, o metal precioso de que era composto foi retirado por Constantino, o primeiro imperador cristão, e o restante levado para Constantinopla, onde foi destrído pelo fogo no século V. Entretanto, resta ainda a imagem de uma majestosa divindade na posição sentada e com barbas, adotada pelos artistas bizantinos gregos como modelo para o Cristo Pantocrador (  até então o Cristo era imberbe ) e base da poderosa imagem que perdura inda hoje.


Cerâmica vermelha e negra da Grécia Clássica, pintada por Exekias, 550-525 a.C.
um dos melhores pintores da Grécia.
A cerâmica pintada predomina no quadro atual da Grécia clássica, embora seu papel na Antiguidade esteja sendo reavaliado. A maioria das peças é proveniente dos túmulos etruscos ricos, que possivelmente a utilizavam em substituição a vasilhames de prata de mesa. A cerâmica vermelha e negra lembra o surgimento do vasilhame de pátina ("oxidada") de prata, ornamentada com estatuetas de ouro. Um pouco do imaginário foi preservado nas poucas peças da prataria clássica que escaparam do cadinho. O que restou das grandes pinturas clássicas foram descrições contemporâneas impressionantes sobre a habilidade dos grandes pintores na representação da natureza. As pinturas clássicas apresentaram uma visão idealizada do passado, contada à luz das recentes vitórias dos gregos sobre os persas; a arte alegórica foi outra importante contribuição da Grécia.

O Período Helenístico

As conquistas de Alexandre, o Grande (entre elas, a apreensão de 4680 t de ouro e prata dos persas) o engrandeceram mais do que sua contribuiçõ pra as cidades-estados gregas. Houve até um plano de esculpir a penísula de Atos (32 km de comprimento)  na forma de um Alexandre reclinado. As cidades de Alexandria, no Egito, Antióquia, na Síria, e Pérgamo, na Ásia Menos (atual Turquia), foram importantes centros artísticos. O grande altar de Zeus de Pérgamo (hoje em Berlim) nos dá uma ideia do esplendor helênico. A "Taça Farnese", atualmente em Nápoles, é uma das poucas peças restantes da arte palaciana do período. A cerâmica vermelha de molde reflete o uso de vasilhames de ouro na mesa dos ricos. 

A Arte Romana

Roma foi a sucessora de toda essa arte. A simplicidade da república deu lugar ao luxo extravagante dos Césares. Mais uma vez, temos apenas remanescências de poucas das grandes edificações, outrora cobertas de mármores exóticos e ricos mosaicos. Os afrescos e mosaicos de Pompeia e Herculano representam uma pequena amostra do que existiu. Os escultores recebiam encomendas de retratos do imperador para serem expostos em todo o Império e para decorar monumentos públicos, como a Coluna de Trajano ou o Arco de Constantino, com versões idealizadas dos triunfos imperiais e expressão da propaganda oficial. Descobertas fortuitas, como o Tesouro de Hildeshein, nos dão uma ideia da grande habilidade empregada na produção de baixelas de ouro e prata. Existe uma certa quantidade de artefatos em vidro remanescentes, mas raramente eram considerados artigos de luxo,assim como a cerâmica. Entretanto, a cerâmica de Arretino preserva algo da aparência das obras em ouro que foram perdidas.

Sete Atores nos Bastidores, mosaico Romano de Pompéia.
 Fonte: Enciclopédia Compacta de Conhecimentos Gerais, Istoé Guiness, Editora Três, 1995.


19 comentários:

  1. Excelente lição de história.
    As coisas que eles faziam, nada comparado com o que é feito hoje e pouco valor tem, tudo à base do cimento... Passe a expressão e desabafo.
    Bj

    Olhar d'Ouro - bLoG
    Olhar d'Ouro - fAcEbOOk
    Novidade: Olhar d'Ouro - yOutUbE

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  2. Que aula fantástica! Grata por partilhares! Beijinhos

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  3. Gosto de ver o seu interesse pela história, Érika!
    A Europa inteira é repleta de artes e significados gigantescos... Gostei de ver o texto e imagens gregos e romanos...
    Muita paz nesta quarta-feira... Abç

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  4. Para quem gosta de História ... uma bela partilha !!! Bj

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  5. Olá Érika, Não sou conhecedor da História.
    Continu-o a Admirar a sua Multicidade de Conhecimentos tão diversificados.
    Abraço. Alberto

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  6. Adoro a arte Romana e grega! Gostei de conhecer o teu blog!

    Bjxxx
    Ontem é só Memória | Facebook | Instagram

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  7. Ótimo artigo sobre história de arte...
    Gostei de recordar...
    Bj

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  8. Quanto foi importante para a história da humanidade a cultura greco-latina. E ainda o é. É óbvio que não existe presente sem passado. E reler é abrir gavetas para ativar a memória.
    Gostei do seu passeio pela minha casa. E se a fiz pensar, refletir, tanto melhor.
    Volte sempre...
    Bj

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  9. Bom dia, Erika
    Obrigada pelo comentário no meu blog, gostei muito. Passando aqui para conhecer o seu cantinho, lugar encantador. Bjs querida.

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  10. Oi Erika, bt!
    Que aula maravilhosa, parabéns!
    Bjssssssss e obrigada pelo comentário lá no blog

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  11. OI ERIKA!
    UMA AULA DE HISTÓRIA, ADOREI.
    ABRÇS
    https://zilanicelia.blogspot.com/

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  12. Como puedes ver en mi blog también tengo muestra del arte del antigua Roma ya que la península Ibérica (Portugal y España) fueron una importante provincia del imperio Romano.
    Vi que tenemos seguidores comunes espero que te sigan gustando mis reportajes.

    Saludos.

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  13. Es admirable el arte antiguo siempre me a llamado la atención como hacían cosas tan bellas cuando no existían los recursos de hoy, preciosa arte. Fue un placer visitarte con tu permiso me quedaré, por aquí, mil gracias por tu visita a mi humilde espacio. Un abrazo feliz domingo.

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  14. Érika, o filme Juventudes Roubadas, é longo mas é muito bonito.
    É um filme de época.
    E Alicia Vikander, além de boa atriz é linda.

    Bom seu texto sobre história da arte.

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  15. Li todos os comentários e estou muito agradecida!

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  16. Maravilhosa e completa lição de história, sobre o mundo das artes, desta extraordinária época!
    Como sempre, um post de excelência, por aqui!
    Beijinhos
    Ana

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