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terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Conhecendo Fortaleza

A evolução dos sistemas de comunicação  em Fortaleza 

Estúdios da TV O POVO

Demorou até que as folhas partidárias, típicas de uma época que começou ainda no império, se convertessem em periódicos realmente jornalísticos. Ao longo do século XIX, o liberal Cearense (1846-1891) e os conservadores Pedro II (1840-1889) e Constituição (1863-1889) se digladiavam na seara política. Esses jornais eram “paladinos da ideia de que, através da imprensa, é possível civilizar a política e a sociedade cearense, independente da opção partidária”, explica Ana Carla Fernandes no trabalho A Imprensa em Pauta.
Porque eram apaixonados politicamente e engajados na tentativa de alterar o curso dos acontecimentos históricos, esses primeiros jornais se tornaram bastante lidos. Não havia recanto da Província, habitando lá um conservador ou liberal, onde não chegassem tais folhas. O Cearense e Pedro II, inclusive, fazem parte da paisagem da capital no romance A Normalista, de Adolfo Caminha. Mais que isso, são expostos como fofoqueiros do caso, publicado como tórrido, entre os personagens Zuza e Maria do Carmo. Os periódicos divertiam, informavam, alcovitavam.
O historiador Geraldo Nobre, em Introdução à História do Jornalismo Cearense, o primeiro dos sete volumes sobre o assunto, menciona que o Correio do Ceará, só a partir de 1915, vai enterrar a fase dos jornais que preencheram o século XIX com suas causas políticas. O Correio passa a se dedicar principalmente ao noticiário – e também a uma combinação dele com demandas publicitárias. Lançado como órgão ligado à Diocese de Fortaleza, logo a Primeira Guerra Mundial lhe dá condições de independência. O povo queria saber o que acontecia do outro lado do Atlântico.
As folhas noticiosas começavam a reinar. Gazeta de Notícias, Tribuna do Ceará, Diário do Povo – fora uma penca de outros – nasceram e pereceram no século XX. Mas um dos periódicos surgidos nessa época permaneceu. Em 1928, O POVO circula na cidade para ser um grito por ideias de “justiça e liberdade”. Os primeiros anos do diário acompanharam Fortaleza e seu crescimento vertiginoso.
A organização do O POVO “como empresa assegurou-lhe, a partir de 1950, aproximadamente, um lugar importante na renovação técnica, sobretudo de equipamentos, do jornalismo praticado no norte do Brasil”, escreve Nobre. O jornal sobreviveria à avalanche dos Diários Associados – mas também ao fenômeno radiofônico que, muitos previam, vitimaria o papel. Sobreviveu também ao advento da televisão.
O Grupo Edson Queiroz, que atua na agroindústria, nos setores de eletrodomésticos, bebidas e tintas e na distribuição de gás, se dedicou também à comunicação impressa ao fundar o Diário do Nordeste, no início da década de 80. Hoje trata-se de um sistema de comunicação, contando com rádio, televisão, jornais impresso e online.
Junto com o grupo de Comunicação O POVO, com suas rádios AM e FMs, a jovem TV O POVO, são esses os dois maiores conglomerados de mídia que atuam no estado.
Cite-se ainda a Fundação Demócrito Rocha (editora e ensino à distância), ligada ao Grupo O POVO de Comunicação e o Instituto Albanisa Sarasate, do mesmo grupo.

Rádio e TV
A paisagem musical de Fortaleza se modifica depois do rádio. Saem os sinos anunciando morte e festa, entra o chiado aconchegante dos locutores da Ceará Rádio Club em 1934. A rádio “dos irmãos Dummar”, que por conta da aparelhagem ainda deficiente engrossava ou afinava a voz dos locutores, foi pioneiro em transmissões regulares. Com a Segunda Guerra Mundial, as atenções estariam voltadas para o rádio, meio mais rápido de veiculação de notícias. Como explica Emy Maia Neto, “os mais pobres que haviam mandado seus filhos e maridos para a guerra, viviam sob tensão” e aquele aparelhinho, cada dia mais popular, era a chance de descobrir o que se passava na Europa.

O rádio governou a emoção dos ouvintes, com seus programas de auditório, novelas, festivais de música e noticiários, até 1960 – quando se inaugura a TV em Fortaleza. A própria Ceará Rádio Club, que passaria ao controle dos Diários Associados, fez festas para a vinda do Canal 2. Nos anos anteriores, as pessoas eram conclamadas na programação radiofônica a comprar ações da emissora televisiva para que ela pudesse chegar pelas bandas de cá. E teve adesão intensa.
Mas, após a queda do império de comunicação do paraibano Assis Chateaubriand, outro modelo de negócios viria substituí-lo: a Rede Globo e sua aposta no esquema centralizado de retransmissoras. Fortaleza deixa, então, de produzir boa parte de seu conteúdo, e as televisões locais passam a difundir e formatar uma ideia de país forjada nos estúdios cariocas e paulistas. Porém, a programação local hoje mantém sua força e interesse do público local.
Hoje Fortaleza tem uma grande e sofisticada rede de comunicação que engloba jornais, emissoras de rádio, emissoras de TV, TVs por assinatura e portais de internet que têm no jornalismo a base de seus conteúdos. Ressalte-se ainda uma moderna rede de telecomunicações via celular e telefonia fixa.
Fonte: Anuário de Fortaleza 2012-2013. O POVO Agosto/2012.

2 comentários:

  1. Foi realmente uma pena que a retransmissão de eventos e produções de Rio e São Paulo tenham eliminado quase completamente a produção local.
    O que normalmente era um incentivo ("Vamos fazer também!") tornou-se uma desculpa para a preguiça ("Ah, ees já fazem, vamos só retransmitir!").
    E a criatividade diz adeus.
    _Beijos.

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