Iram se foi
co’a Rosa, e a Taça, de Jamshyd,
Dos Sete Anéis ficou onde ninguém conhece.
Mas a Vinha ainda gera antigas Uvas rúbeas
E, ainda, à beira d’Água há um Jardim que floresce.
GLOSSÁRIO –
Iram: o estado da vida e
da mente em que o homem se volta para o exterior, ou que é consciente dos
sentidos.
Rosa: prazeres temporários dos sentidos.
Taça (...) dos sete anéis:
o receptáculo cérebro-espinhal, com seus sete centros, semelhantes a anéis, de
consciência e vida. É por esses sete plexos que a vida e a consciência da alma
descem, desde o Espírito, para as limitações do corpo, e é por eles que têm de
ascender, enfim, para a liberdade no Infinito
.
Jamshyd:
a principesca consciência que a alma tem do Infinito.
Onde ninguém conhece: o
indivíduo médio é inconsciente da existência desses centros na coluna e de seu
significado espiritual.
Vinha: a alma.
Antigas uvas rúbeas: a
bem-aventurança imemorial da alma (o fruto ou uvas “rubi” da vinha da alma).
Água:
sabedoria.
Jardim: Auto-realização, florescente com as qualidades
espirituais.
Quando, em meditação profunda, o homem retira sua
consciência dos objetos exteriores, vai-se com a “rosa” dos prazeres que dizem
respeito aos sentidos e aos desejos. Ainda assim, permanece a principesca
consciência que a alma tem do Infinito, absorta no interior, sorvendo a divina
consciência, plena de bem-aventurança, da “taça” cérebro-espinhal cujos sete
“anéis” são encobertos aos olhos mortais e desconhecidos à consciência usual.
Sem dar importância à ausência dos prazeres dos sentidos,
esse homem contempla um fascinante jardim interior do Espírito, florescente com
fragrantes qualidades da alma e iridiscente com as águas da sabedoria, que
fluem para sempre. Da vinha da alma, ele colhe as uvas rubi da Auto-Realização,
reveladoras, no seu doce paladar, de antiquíssima Bem-aventurança sempre nova.
Transfira a consciência da alma dos prazeres carnais dos
sentidos para as internas percepções espirituais dos sete centro
cérebro-espinhais, mediante a meditação profunda da ioga. Ali, a alma
experimenta, de maneira intuitiva, a alegria inebriante da Auto-realização.
No jardim externo dos sentidos, vicejam perfumadas flores de
prazeres transitórios, mas, no jardim recôndito da consciência, a alma cultiva,
em segredo, qualidades florescentes cuja alegria fragrante nunca esvaece. As
flores terrenas abrilhantam a mente do homem por algum tempo, mas as pétalas
dos prazeres da alma são eternamente inspiradoras.
Todo o poder e toda a pompa do reino da vida do homem podem
desvanecer-se e todos os receptáculos e instrumentos de prazeres principescos
podem ser-lhe tomados; ainda assim, ele sempre poderá achar a felicidade
vagando junto às águas curativas da sabedoria e da compreensão, no jardim da
bem-aventurança da alma.
Muitas vezes, quando as pessoas decaem do estado de
abundância ao de pobreza, ou do de êxito ao de fracasso, afundam em desespero
extremo, sem ver qualquer coisa a quer se agarrar. Alguma se tornam tão
desalentadas que são incapazes de encontrar satisfação em qualquer coisa. O
insucesso incapacita a iaginação sutil da esperança pelo êxito futuro.
Entretanto, por meio da sabedoria e do discernimento, é possível ao homem
aprender que a felicidade não depende de circunstâncias externas; deve
encontrar-se, antes, nas alegrias mais simples da vida e, principalmente, na
bem-aventurança sempre nova da meditação profunda. Embora o destino derrote
todos os prazeres terrenos, o homem ainda pode ser feliz agarrando-se às
alegrias da alma – simples, verdadeiras e duradouras. É pelo pensamento
profundo, pela introspecção, pela inspiração espiritual e pela meditação que
elas vêm.
Por isso, não reúna, apenas, braçadas de alegrias do jardim
da vida material. Aprenda, também, junto com seus entes queridos, a vaguear
pelo jardim da meditação e da Auto-realização e, ali, recolha a alegria perene.