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sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Livro: A hora da Estrela

Na resenha de hoje venho comentar o livro A hora da Estrela, um livro que gostei muito e que foi o último livro publicado em vida por Clarice Lispector. O narrador do romance é Rodrigo S.M., escritor que ironiza, por meio de contínuas intrusões no texto, o estilo de narrativa que ele próprio utiliza, estabelecendo um diálogo com o autor.

Sua personagem-protagonista é Macabéa, reduzida ao apelido Maca, imagem irônica dos sete macabeus, personagens bíblicas. Maca foi criada pela sua tia beata, após a morte dos pais, quando tinha dois anos de idade. Representa  uma figura desprezada na sociedade brasileira: a imigrante nordestina em estado de miséria, tornando-se alheia de si e da sociedade.


Capa do livro A hora da estrela, fonte: google. 


Dessa forma, ela nunca se deu " conta de que vivia numa sociedade técnica onde ela era um parafuso dispensável."

Igonorava até mesmo porque se deslocou de Alagoas para o Rio de Janeiro, onde vivia com mais quatro colegas na rua do Acre, e porque trabalhava como datilógrafa, de forma milagrosa, já que executava seu trabalho com muitos erros de ortografia imperdoáveis. Mantinha uma dieta de um cachorro-quente por dia com Coca-cola e nada mais. À noite, mastigava pedacinhos de papel para enganar o terrível vazio do estômago. Suas pequenas alegrias eram pintar os toquinhos de unhas " roídas até o sabugo" de escarlate, ir ao cinema uma vez ao mês e colar anúncios em um caderno.

Cartaz do filme inspirado no livro, muito bom, recomendo que assistam. Fonte da imagem: google.
Clarice Lispector consegue dar uma identidade à Macabéa, apesar de que saibamos que inumeras pessoas vivam como ela  faz com que a solidariedade para com ela seja inevitável. A personagem é marcada com as epifanias características da escrita de Clarice, fazendo com que nos envolvamos com a leitura.

Trechos marcantes:

" Ninguém lhe responde ao sorriso porque nem ao menos a olham"
" .... Ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. Ela somente vive, inspirando e expirando inspirando e expirando. [...] seu viver é ralo."
".... a moça não tinha. Não tinha o quê? É penas isso mesmo: não tinha"
"Não fazia perguntas. Advinhava que não tinha respostas"

2 comentários:

  1. Uma proposta de leitura bem interessante!...
    Excelente sugestão! Beijinhos
    Ana

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