Jorge A. Livraga Rizzi
Fundador da Nova Acrópole
Começamos por esclarecer que o verdadeiro sentido etimológico e ideológico da palavra “Cortesia” advém das antigas “Cortes”, lugares habitualmente frequentados pelos filósofos, artistas, literatos, políticos, economistas, juízes, médicos e, em geral, todos os profissionais e pessoas distintas a quem correspondia tomar as considerações e decisões de um Estado ou Reino, numa – segundo Platão – congregação, em que através dos seus talentos, saberes e habilidades, prestavam um serviço público à sociedade; os que estavam dedicados ao Estado, palavra que em latim se transformou na res publica (da causa pública), de onde
provém a palavra “República”.
Em todas as antigas Culturas e Civilizações que conhecemos, mesmo que parcialmente, existia uma forma “cortês” de relações entre pessoas. Na denominada Idade Média do Ocidente, o cortês desenvolveu-se num círculo mais fechado de comunicação entre Damas e Cavaleiros e destes entre si, desde a formação como
pajens até à culminação como cavaleiros.
Infelizmente, com o passar do tempo, muitas dessas úteis e saudáveis tradições caíram em desuso e até na degeneração, promovendo costumes falsos e mentirosos. Esta última imagem é a que nos conduziu ao nível de comunicação massiva. E hoje, entre os medianamente jovens, os que sofreram as deformações do pós-guerra, a cortesia aparece como um sinônimo de falsidade e falta de autenticidade. Nós, filósofos, queremos resgatar e gerar formas de cortesia que nos afastem da animalidade estupidificante e do aborrecimento do meramente instintivo.
A cortesia é, ao mesmo tempo, uma forma de generosidade e de amor. Um reconhecimento da fraternidade universal para além de todas as diferenças de classes, etnias, sexos, nacionalidades, estados sociais e econômicos. É uma maneira humilde, mas agradável, de aplicar o primeiro Princípio da Nova Acrópole:
“Reunir homens e mulheres de todas as crenças, raças e condições sociais em torno de um ideal de fraternidade universal.”
Do mesmo modo que quando oferecemos uma prenda, por mais pobre que seja, costumamos cobri-la com papéis e fitas coloridas, de maneira que antes de chegar ao objecto em si, o destinatário tenha a sensação de que pensamos carinhosamente nele e que nos preocupamos em lhe expressar os nossos sentimentos
afetuosos e os nossos bons desejos, qualquer palavra ou ação deve estar prudentemente envolvida na nossa capacidade de dar e amar.
Não se é menos homem ou menos mulher por superar rusticidades. São, pelo contrário, o cavaleiro ou a dama mais eficazes e agradáveis que põem em tudo o que fazem um toque de beleza, de amor e de cortesia. O que é que nos impede de saudarmo-nos com um aperto de mãos, um abraço ou um beijo, de acordo com a circunstância e os atores? E por “ator” devemos entender o que o Imperador Augusto entendia: participantes ativos e eficazes da vida... aquele que faz algo. O verdadeiro “ator”, segundo o Teatro Mistérico, é aquele que representa as coisas; aquele que as apresenta novamente, mas agora com uma carga de interpretação humana que as melhora, embeleza e enobrece, de modo que todos possam participar nelas de alguma maneira.
Deveríamos esforçar-nos por não manifestar qualquer gesto de ira e de amargura, de ódio ou de rancor. Esta atitude, embora comece por ser meramente externa, se for mantida com fortaleza e perseverança, chega a tocar profundamente e, como o palhaço dos contos, de tanto sorrir e fazer rir, acaba por contagiar-se a si
mesmo com a sua alegria e encontra consolo para as desventuras da vida.
Existem muitas “ideologias” políticas e religiosas que provocaram genocídios e fizeram chorar muita gente. Que possamos nós dar o contrário: alegria, paz, concórdia, prosperidade. Um filósofo triste por circunstâncias banais não é um verdadeiro filósofo e menos ainda se o demonstra e chora as suas dores a todas as suas amizades, dando sinais de fraqueza, impotência espiritual e debilidade vampirizante.
Acostumemo-nos antes a dar do que a pedir. Evitemos julgar os outros perante a escassa luz do nosso ainda nascente discernimento, abundantemente deformado pelas nossas paixões. Sejamos fortes e verticais. No mundo já existem demasiados mendigos... Não sejamos um deles. E não me refiro somente ao plano econômico, mas ao global. Ofereçamos de mãos cheias! A nossa energia, a nossa bondade e boa vontade para todos. Trabalhemos muito, estudemos, pensemos e oremos o necessário... mas acima de todas as coisas, rompamos os nossos moldes de egocentrismo, com Humildade de Coração, que não é a do corpo e dos farrapos. Sejamos Corteses...
Façamos realmente todos os dias, um mundo novo e melhor... e habitemos nele.
Muito bom, excelente! Penso que há anos éramos mais 'saudáveis', tínhamos tempo de pensar nas delicadezas, em conversar, em trocar ideias. Tínhamos tempo maior para sermos mais felizes. Hoje, como a agressão está mais solta, o individualismo gritante, cortesia virou coisa rara, até desconfiamos se existe!
ResponderExcluirBeijo, Érika.
Verdade Érika que falsidade existe em todo lugar e com todo mundo.
ResponderExcluirE agente tem que conviver com isso.
Eu convivo bem , porque ignoro.
Então o que tinha importância, deixa rapidinhos de ter.
Tenho hábito de agradecer sempre que se faz alguma coisa para mim.
Mas agradecer antes de pedir, acho que faço não.
Texto reflexivo,muito bom, a cada dia fazemos um mundo novo e melhor quando pensamos em sermos agradecidos!
ResponderExcluirDigo em meus escritos que, o fato de agradecer nos torna cortês por natureza, é estarmos contentes, felizes com o que se tem!
Amei ler, como sempre, aqui se aprende, amo aprender!
Abraços apertados!
Olá, feliz dia dos namorados.
ResponderExcluirAG