Adquirida pelo pai de Rachel de Queiroz, Daniel de Queiroz, em 1927, para facilitar o acesso dos filhos aos estudos, o Sítio Pici ficava perto da lagoa de Parangaba, que nesse tempo pronunciava-se “Porangaba”, e também do Rio Pici ou “Picy”. Pertencera à família do padre Rodolfo Ferreira Gomes e foi vendido depois a um industrial, José Guedes, de quem Daniel comprou o imóvel e fez uma nova casa para atender suas necessidades. Assim, Raquel de Queiroz ingressa no curso Normal do Colégio Imaculada Conceição, aos 10 anos, e tempo depois ajuda seu irmão Flávio no exame de admissão do Colégio Militar.
A Casa do Pici, onde Raquel escreveu, aos 20 anos, o seu primeiro livro, O Quinze (1930), casou com José Auto (1932) e teve sua filha Clotildinha (1933), que falece dois anos depois, quando morre também seu irmão Flávio, aos pouco se transforma na Casa de Raquel de Queiroz ou Casa dos Benjamins.
A casa do Pici foi o refúgio para a dor da perda de sua filha e do seu irmão, momento que escreve Caminho de Pedras (1937). Mas, em 1939, já separada de Auto, volta ao Rio de Janeiro, em 1945 Raquel e Oyama, seu novo companheiro, residem na Ilha do Governador/RJ. E, após a morte de sua mãe, 1954, os filhos fizeram à partilha das terras da família e venderam a casa do Pici.
Ainda que um pouco deteriorada, a edificação preserva vestígios da arquitetura original da época da construção, ou seja, as colunas, os mesmos armadores de ferro fundidos á parede e os três pés de Benjamins plantados pela mãe de Raquel, a Sra. Clotilde. Tais árvores dão o tom de um tempo e espaço definidos pelo predomínio da relação amistosa entre homem, natureza e ordem urbana.
A Casa de Raquel de Queiroz (Casa dos Benjamins ou Sítio do Pici) expressa, portanto, para toda sociedade as razões de seu cotidiano, o resultado dos conhecimentos experimentados na sua infância vivida no sertão do Ceará, através da escrita do “O Quinze“, obra que inaugura discurso crítico e politizado sobre a seca, em especial a que assola os cearenses em 1915.
Cúmplice dos sentimentos, da indignação e dos lances de inspiração da nossa querida escritora, essa Casa é como um livro sem censura que deve ser lido, com certeza, admirado, soletrado, apalpado e guardado, melhor, preservado como elemento de materialidade para o patrimônio histórico e cultural da nossa cidade.
Localização
Rua Antônio Ivo, 290
Henrique Jorge
Fonte: http://mapa.cultura.ce.gov.br/espaco/id:217
É uma linda história de vida, sem dúvida alguma.
ResponderExcluirAbraço.