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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Bairro Parangaba

Dia 31 de outubro de 1921. Há quase 91 anos, o então distrito da Porangaba tornava-se bairro de Fortaleza. Beirar o centenário já seria motivo suficiente para fazer da Parangaba um dos mais importantes bairros da Capital. Só que o bairro também preserva um importante legado histórico e cultural. 
Uma das mais antigas manifestações culturais do Ceará é realizada na Parangaba. Não se sabe ao certo quando a famosa Festa dos Caboclos começou, mas vem desde quando a Porangaba (nome original da área) era um aldeamento indígena.


Segundo o historiador e mestre em preservação do patrimônio cultural, João Paulo Vieira, a celebração consistia na peregrinação de uma coroa de espinhos – feita de ferro -, doada pelo padre Francisco Pinto, um dos primeiros jesuítas a chegar ao Ceará. 
“É algo muito antigo e começou porque essa região era povoada por diferentes tribos indígenas. A festa foi criada para unir, era um sinônimo de paz”, informa o padre Jovanês Vitoriano, há um ano à frente da paróquia Bom Jesus dos Aflitos.


Segundo o padre, a peregrinação envolvia outras cidades, como Maranguape e Viçosa do Ceará. Como era feita a cavalo ou a pé, a manifestação durava meses. Durante o percurso, donativos eram recolhidos para a Igreja.

Atualmente, a Festa dos Caboclos é chamada de Festa da Coroa de Bom Jesus dos Aflitos. Ela acontece, anualmente, entre os meses de setembro e janeiro. A coroa de ferro passa por diferentes capelas da região e volta à igreja matriz no dia 23 de dezembro, quando sobe de volta ao altar e é postada acima da imagem de Jesus Cristo.
  
A região onde hoje fica o bairro da Parangaba começou a ser habitada no século XVI. Segundo João Paulo, que também é morador do bairro, o local serviu de refúgio para os índios potiguaras. Eles viviam no atual território do Rio Grande do Norte e fugiam dos primeiros contatos com os colonizadores, ocupando também outras áreas do litoral cearense. 
Em 1656, é fundado o primeiro aldeamento jesuítico na área, com o objetivo de catequizar os índios. “Eram três aldeamentos ao redor de Fortaleza: Porangaba, Messejana e Caucaia”, explica o historiador.

No ano de 1759, a aldeia passa a se chamar Vila de Arronches. Ela fica nesta condição até 1835, quando é transformada em distrito de Fortaleza, permanecendo nesta condição até 1921.

No século XVIII, o antigo Arronches destaca-se como ponto de intermediário no transporte de gado, com a estrada doBarro Vermelho-Parangaba, estrada que ligava o Barro Vermelho (Antônio Bezerra) - Parangaba; e a Estrada da Paranjana, estrada que ligava Messejana a Paragaba.

Com a construção da Estrada de Ferro de Baturité, uma estação de trem é instalada em 1873, a Estação de Arronches, e Parangaba estava ligada com a Capital. Em 1941, a malha ferroviária de Parangaba é expandida com direção ao Mucuripe e em 1944 o nome da estação é alterada para Parangaba. Esta estação é nos dias de hoje parte do metrô de Fortaleza.
A Igreja de Bom Jesus dos Aflitos é um dos bens históricos mais importantes da Parangaba. Ela, inclusive, é tombada pela Secretaria Municipal da Cultura de Fortaleza (Secultfor).

Segundo os registros da igreja, a primeira capela da região data de 1609. Depois, é fundada a primeira igreja, com o nome de Nossa Senhora das Maravilhas.
A paróquia é impedida de funcionar entre 1835 e 1875, até que novamente é recriada com o nome de Bom Jesus dos Aflitos. Segundo a Secultfor, é neste momento que é edificada a atual estrutura da igreja.

O padre Jovanês Vitoriano explica que a igreja matriz compõe uma das chamadas “quatro igrejas irmãs”. “As igrejas de Messejana, Parangaba, Caucaia e Viçosa foram iniciadas no mesmo período e possuem estruturas semelhantes”, explica.


Jovanês conta que os moradores do bairro são “muito tradicionalista”. Ele também diz que a maioria dos frequentadores da paróquia não mora mais no bairro. “Acho que moravam aqui, saíram, mas se afeiçoaram a igreja e continuam vindo”, diz.

A lagoa da Parangaba já secou

O taxista Valdir de Oliveira Sarmento, 80, afirma ser um dos mais antigos moradores da Parangaba. E foi testemunha de um fenômeo inusitado: o dia em que a lagoa da Parangaba - a que possui o maior volume de água em Fortaleza - secou.
Apesar de seu Valdir não lembrar do ano do acontecido com exatidão, ele explica que foi “na época da guerra dos americanos”, referindo-se a II Guerra Mundial. “Na época, eles (soldados) ficavam no Pici e houve um período de seca. E eles vinham com aqueles caminhões e tiravam muita água da lagoa para usar na base. Até que secou total”, relembra Valdir.

O historiador João Paulo Vieira conta que, segundo os antigos moradores, existia apenas um riacho onde, hoje, existe a lagoa.  “Ele teria sido construída num período posterior ao aldeamento”, comenta João Paulo. Isso teria ocorrido porque a areia foi retirada do local para a construção das casas.

Valdir Sarmento lembra que, ao chegar no bairro, “era tudo areira. Não tinha nada de calçamento”. Ir ao Centro de Fortaleza era como viajar a outra cidade. “O pessoal só andava de jipe e boi. Era muito complicado, porque tinham poucos carros na época”, diz.

Bairro está em fase de forte crescimento

O bairro da Parangaba passa por um período de forte desenvolvimento. Uma sério de investimentos públicos e privados são realizados no bairro. Por exemplo, a Parangaba promete ser um diferencial em relação ao transporte público, reunindo um terminal de ônibus, o metrô e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT).


Segundo ele, havia um apego muito forte a história dos imóveis. O mais estranho é que Tatu (como é mais conhecido no bairro) preserve, na barbearia onde trabalha, um mobiliário antigo e cadeiras que já contam com mais de 150 anos.

A diretora da holding do Grupo Marquise - responsável pelas obras do shopping Parangaba -, Carla pontes, destaca que a Parangaba tem uma posição geográfica bastante estratégica na Cidade, localizando-se numa região central de Fortaleza. “É um bairro que cresceu muito nos últimos anos”, afirma. Ela também destaca a importância cultural da Parangaba. “O shopping pretende promover eventos de resgate da cultura do bairro”, adianta.

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