“As velas do Mucuripe vão sair para pescar. Vão levar as minhas mágoas pras águas fundas do mar.” A música de Fagner e Belchior é inspirada num dos cenários mais conhecidos de Fortaleza: a saída das jangadas da enseada do Mucuripe para o alto-mar.
Pode-se dizer que a presença dos pescadores é a principal marca da história do bairro que, até hoje, ainda é reduto da pesca artesanal. Pedro Raimundo dos Santos, 97, é considerado o mais antigo pescador do Mucuripe. “Aprendi a pescar com o meu pai. Comecei a ir pro mar com uns 10 anos”, conta. Nascido no bairro, ele recorda um Mucuripe distante do Centro e com poucas casas.
Pode-se dizer que a presença dos pescadores é a principal marca da história do bairro que, até hoje, ainda é reduto da pesca artesanal. Pedro Raimundo dos Santos, 97, é considerado o mais antigo pescador do Mucuripe. “Aprendi a pescar com o meu pai. Comecei a ir pro mar com uns 10 anos”, conta. Nascido no bairro, ele recorda um Mucuripe distante do Centro e com poucas casas.
O nome Pedro não é à toa. Trata-se de uma homenagem a São Pedro, considerado o padroeiro dos pescadores. Inclusive, o santo dá nome à mais antiga capela do Mucuripe: a igreja de São Pedro dos pescadores, localizada na avenida Beira-Mar.
O turismólogo Gerson Linhares informa que alguns historiadores defendem que o navegador espanhol Vicente Pinzón teria aportado no Mucuripe dois meses antes da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.
A religiosidade é um traço marcante do bairro. No final da década de 1920, O POVO registrava “os festejos em Mucuripe”, no mês de novembro. “É incalculável a multidão que todas as noites se desloca desta capital, pela praia, aproveitando o luar e ali vai assistir às novenas, na capelinha” (reportagem de 4 de setembro de 1930).
A matéria fala de um “prazível povoado suburbano de Mucuripe”. Como lembra Gerson Linhares, antigamente, o bairro era considerado um local distante, cercado de dunas e por onde só se chegava através da rua Grande (hoje, avenida Beira-Mar).
Em 1931, o jornal também noticiava disputa em torno da capelinha. Segundo o texto, “a autoridade diocesana, em dias do ano findo, interditou a capela por indisciplina de um grupo de fiéis”. Na época, iniciava-se a construção da segunda igreja, que se tornaria a matriz e recebeu o nome da santa.
No começo de setembro de 1931, a população arrombou a igreja e começou a realizar novenas no local. O que não agradou as autoridades eclesiais. O arcebispo metropolitano D. Manoel pediu, na justiça, a entrega das chaves da igreja.
“Quando os oficias de justiça foram a Mucuripe executar a ordem do juiz, mais de 200 mulheres cercaram a capela e, entre suplicas e resistências, impossibilitaram a execução da medida. Depois desse dia, vive a população feminina da pitoresca enseada em continua vigilância, no sentido de obstar a posse pelas autoridades eclesiásticas”, descrevia a matéria. Também é marcante da memória do bairro a passagem de padre Nílson, que lutou pela melhoria das condições de vida no bairro.
Voltando à história dos pescadores, muitos deles tiveram que sair com a chegada do “desenvolvimento”. “Hoje em dia, o rico tomou de conta. (Os antigos) foram expulsos para muito longe, como Messejana e Cidade 2000”, recorda o pescador Aldemir Bezerra, 77.
Atualmente, o Mucuripe corre o risco de perder um de seus principais ícones. Viver da pesca tem se tornado uma coisa cada vez mais difícil. “Os pescadores mais velhos já morreram quase tudo e os filhos que ficam não querem ser pescador”, explica a dona de casa Eleia Ribeiro, 76. Talvez estejamos acompanhado os últimos momentos desta antiga tradição.
Fonte: http://www.opovo.com.br/app/colunas/opovonosbairros/2013/07/18/noticiasopovonosbairros,3094435/mucuripe-bairro-que-ainda-mantem-a-fama-de-reduto-de-pescadores.shtml
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário. Comentários desrespeitosos e agressivos serão apagados. FELIZ 2020!!!!!
Seja muito bem-vindo e aproveite sua visita.