O povo das águas
O fotógrafo da National Geographic Brasil
Adriano Gambarini documentou a cultura e a tradição dos índios Paumari, conhecido como 'Povo das Águas', que habitam, entre outras, as terras à margem do rio Tapauá, afluente do rio Purus, no sul do Estado do Amazonas.
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Índio Paumari caminha sobre pequena embarcação – Foto: Adriano Gambarini |
A relação dos índios Paumari com ambientes e seres aquáticos transcende a simples
sobrevivência. Conheça o “Povo das Águas”
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Casa flutuante dos índios Paumari – Foto: Adriano Gambarini |
Os índios Paumari, conhecido como o "Povo das Águas”, habitam casas flutuantes ou canoas cobertas de palha, vivem quase que exclusivamente em rios, lagos e áreas de várzea. Sua relação com ambientes e seres aquáticos transcende a simples sobrevivência; para esta etnia indígena, a água, os peixes e quelônios fazem parte de um cosmo que direciona a vida social do povo. Uma relação anímica com as águas facilmente observada em seu gesto diário mais simples: a forma como ‘flutuam’ em suas canoas. É simplesmente fantástico observar como os Paumari caminham nas pequenas embarcações onde vão pescar o maior peixe que habita as águas amazônicas: o
pirarucu.
Em busca do Pirarucu, índio Paumari ajusta rede de pesca – Foto: Adriano Gambarini
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Piracuru sendo capturado - Foto: Adriano Gambarini |
Imagine-se numa canoa de não mais de 3 metros de comprimento e 50 cm de largura, na altura da lamina d'agua, onde qualquer pequeno movimento pode alagar esta pequena embarcação. Agora, fique em pé, segure um arpão de 4 metros de comprimento e comece a olhar fixamente para o lago e nos próximos 20 a 30 minutos tente pescar um peixe que certamente pesará pelo menos 80 quilos depois remar calmamente como se tudo isto fosse a atividade mais simples de realizar.
Pescar um pirarucu é sinônimo de paciência e interpretação de sinais, e os Paumari dominam com sapiência esta atividade tradicional passada ao longo das gerações. Tudo gira em observar na superfície da água algum pirarucu que suba rapidamente para respirar. Após isto, dá-se início uma longa e silenciosa espera até a próxima 'boiada', quando o pescador tem que arpoar o peixe. Uma técnica secular aperfeiçoada com o uso de grandes redes, que restringem as áreas do lago e assim otimizam a pescaria, já que o manejo tem um tempo determinado para início e fim.
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Retirada de um piracuru. Foto: Adriano Gambardini |
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Índios Paumari levam pirarucus em embarcação - Foto: Adriano Gambardini |
Conhecido como “Rei das Águas”, um pirarucu pode chegar a 3 metros de comprimento e 200 quilos. Logicamente, peixes nesta dimensão estão cada vez mais raros, mas se ações como a Pesca Manejada de Pirarucu se proliferarem por todas as regiões amazônicas, é possível pensar, com otimismo, que num futuro não muito distante os grandes pirarucus voltem a reinar nos lagos escondidos da grande floresta.
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