Então,
ao próprio Céu que gira eu perguntei:
_A
esses seus filhinhos, tropeçando ao Léu,
Que
Lâmpada o Destino tem para guiar?
_
Um cego entendimento, respondeu o Céu.
GLOSSÁRIO
Céu
que gira: o desabrochar da consciência celestial
bem-aventurada, sentida na meditação profunda. Eu perguntei: interroguei
a Onsciência, o Espírito que tudo permeia. Esses seus filhinhos, tropeçando ao léu:
os seres humanos que erram por falta de sabedoria e, consequentemente, caem
vítimas dos maus hábitos por eles mesmos criados e dos efeitos cármicos das
ações erróneas. Que lâmpada: que espécie de inteligência. O destino: a lei de causa
e efeito, ou carma, que opera com precisão justa e matemática. “Tudo o que o
homem semear, isso mesmo terá de colher.”[1]
Um
cego entendimento: a imperfeita compreensão da inteligência mortal,
sábia do ponto de vista mundano, mas espiritualmente cega.
INTERPRETAÇÃO ESPIRITUAL
“À medida que minha alma se aprofundava na celestial
esfera vibratória do êxtase, reveladora da verdade, comparei meu jubiloso
estado de emancipação com o dos demais filhos humanos de Deus, que estão
tropeçando na ignorância e no sofrimento, conduzidos por seu destino pessoal de
maus hábitos e do carma (o efeito de suas ações), que eles próprios criaram e
perguntei ao Espírito, esse estado celestial que tudo permeia: ‘O que os
conduziu ao erro e à destruição?’
“A vós interna respondeu: ‘Uma inteligência aguda, do
ponto de vista material, e sábia nas coisas do mundo, que, espiritualmente
cega, está desprovida da intuição que tudo percebe e é plenamente sábia’.”
APLICAÇÃO PRÁTICA
É difícil, mesmo para os grandes sábios, conhecer
sempre a verdade. Quão mais difícil é, então, para os seres humanos que têm
inteligência limitada seguir, na vida, as veredas corretas. Frequentemente, as
decisões deles são reações impulsivas a atrações sensórias, ou reações
irrefletidas a hábitos e outras circunstâncias cármicas que eles próprios
criaram na vida. A única lâmpada que ilumina o caminho dessas pessoas é seu
entendimento instintivo, inato, mas imperfeito, que é, em parte, inteligente e,
em parte, cego. Limitado como é, esse entendimento instintivo pode levar,
equivocadamente, os filhos de Deus a tropeçarem e caírem nos fossos da ilusão.
Esses que tropeçam constantemente nos mostram o quanto podemos ser mal
orientados por esse entendimento instintivo cego.
Todos os filhos de Deus estão dotados da inteligência
suprema: a intuição, a sabedoria onisciente da alma. Porém, enquanto a intuição
da pessoa não é desenvolvida, ela é principalmente guiada pelo entendimento
limitado da inteligência mortal, apenas ocasionalmente tem lampejos da
sabedoria intuitiva. Desse modo, a pessoa se envolve em algumas boas ações,
mas, também, em muitas ações erradas, e adquire numerosos maus hábitos. Por
meio da operação da lei de causa e efeito, ou carma, a pessoa se descobre
seguidora impotente do destino que ela própria criou, e que, frequentemente,
conduz ao sofrimento. Contudo, a partir das conseqüências de suas ações
errôneas e dos efeitos recompensadores de suas boas ações, a compreensão
cresce. A intuição inata desperta gradualmente e começa a orientar a pessoa com
sabedoria. Ela é conduzida do sofrimento à felicidade, da superstição religiosa
à real percepção da verdade, e das trevas da ignorância ao jubiloso e
emancipado estado de êxtase divino.
Do livro O Vinho do Místico – Título Original: Wine of the Mystic –
Self-Realization Fellowship – 1998 – 1a. Edição
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