Escrito em 1940
O amor é a mansão dourada na qual o Reino da Eternidade
abriga toda a família da criação. Ao toque de Deus, o amor é um fogo místico
que pode derreter o cosmos inteiro na substância invisível de Amor Eterno.
Como um rio, o amor flui continuamente através das almas
sinceras e humildes; mas ele evita as pedras do egoísmo, da presunção e da
sensualidade porque não consegue atravessá-las.
O amor é um manancial onipresente com incontáveis fontes. Quando
um dos seus corações está obstruído com os escombros do comportamento errático,
vimos que ele surge de um outro coração. Pensar que o amor está morto em algum
coração é ignorar a onipresença do amor. Ninguém jamais deveria bloquear com as
más ações os canais do amor de seu própria alma. Então, poderá beber com
incontáveis bocas de sentimentos espirituais as fontes divinas dos braços sem
fim de amor de todos os corações abertos.
O amor pode existir na presença da paixão, mas quando a
paixão quer se confundir com o amor, este se esvai. Paixão e amor juntos formam
um coquetel agridoce que produz alguma alegria, geralmente seguida de pesar.
Quando o amor puro é sorvido, o sabor da paixão se perde por si mesma na doçura
do sentimento verdadeiro.
Gotinhas de amor brilham nas almas sinceras, mas apenas no
Espírito é que se encontra o oceano de amor. Esperar perfeição no amor humano é
tolice, a menos que se busque aperfeiçoar esse amor no amor de Deus.
Encontrando o amor de Deus primeiro, então com Seu amor, ame a quem quiser.
Não limite seu amor a uma única pessoa, por mais amável que
seja, para excluir todos os demais. Ao invés disso, com o mesmo amor que você
sente por aquele que mais ama, ame todas as pessoas e a todas as coisas, incluindo
o que você ama. Quando tenta prender o
Amor Onipresente na forma de uma única alma, o Amor escapará para brincar de
esconde-esconde com você, até que possa encontrá-Lo em todas as almas. Aumente
a intensidade e qualidade espiritual do amor que sente por uma ou algumas
almas, e dê esse amor para todos. Então saberá o que é o amor crístico.
O amor é maravilhosamente cego, porque ele não reside na
imperfeição do amado, mas ama incondicionalmente através da eternidade. Quando
os mais queridos nos deixam pela morte, a memória mortal pode falhar na
tentativa de rememorar as juras de amor que fizeram; mas o amor verdadeiro
nunca esquece - nem sequer morre. Através de encarnações, ele escapa do coração
de uma única forma e penetra no coração de outros, perseguindo o amado,
cumprindo todas as promessas, até a libertação final daquelas almas mergulhadas
no Amor Eterno.
Não se aflija pelo amor perdido, mesmo que seja pela morte
ou pelas inconstantes flutuações da natureza humana. O amor em si mesmo nunca é
perdido, mas brinca de esconde-esconde com você através de muitos corações;
procurando-o, você poderá encontrá-lo em manifestações sempre maiores. Ele se
manterá se escondendo de você, desapontando-o, até que tenha procurado o
suficiente para encontrá-lo nAquele que reside nos profundos recantos da sua
própria alma, e no coração de todas as coisas. Então você dirá:
“Ó Senhor, quando eu residia no lar de consciência mortal,
pensei que amava meus parentes e amigos; imaginava amar pássaros, animais,
posses. Mas agora que me mudei para a mansão de Onipresença, sei que a Ti
somente que amo, manifestado como parentes, amigos, todas as criaturas e
coisas. Amando apenas a Ti, meu coração se expandiu para amar muitos. Pela
lealdade do meu amor a Ti, sou leal a todos que amo. Agora amo a todos para
sempre”.
Vejo a vida na terra apenas como um cenário por trás do qual
meus amados se escondem na morte. Uma vez que amo aqueles que estão à minha
frente, do mesmo modo meu amor os segue com minha sempre viva percepção mental quando
se movem para algum outro lugar, por trás da tela da morte.
Nunca pude odiar todos aqueles a quem tenho amado, embora
tenham se desenvolvido com um comportamento desagradável. Em meu museu de
lembranças, posso relembrar aquelas características que me fizeram amá-los. Por
baixo das máscaras mentais temporárias daqueles cujo comportamento eu recuso,
vejo o amor perfeito do meu grande Amado – o mesmo amor que vejo naquelas almas
mais valiosas que também amo. Parar de amar aqueles é como interromper o fluxo
purificante de amor. De forma leal, amarei todos os seres e todas as coisas,
até que possa abraçar todas as raças, todas as criaturas, todos os animais e
todos os objetos inanimados com o meu amor. Amarei até que todas as almas,
todas as estrelas, cada criatura abandonada, cada átomo, estejam todos
amparados em meu coração. No amor infinito de Deus, meu coração de eternidade é
largo o suficiente para abrigar tudo em mim.
Ó Amor, vejo Tua face brilhante nas gemas preciosas. Vejo o
teu tímido rubor nas rosas. Estou arrebatado, ouvindo teu gorjear nos pássaros.
E sonho em êxtase quando meu coração Te envolve em todos os corações. Ó Amor,
encontrei-Te em toda as coisas – apenas um pouco, por enquanto – mas na
Onipresença eu Te agarro por inteiro e para sempre, e regozijo-me eternamente
em Tua alegria.
Traduzido do livro Do
livro THE DIVINE ROMANCE – Self-Realization Fellowship – 2000 – 2a. Edição
– Páginas 297 – 299.
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