Era
uma vez uma rã que vivia na beira de um lago muito grande. Gozava de plena
liberdade, na imensidão das águas e nas margens que se perdiam de vista. Às
vezes, saltava de seu lar aquático e ia aquecer-se ao sol, nas tépidas pedras
da margem. Quando cochilava, feliz, à beira do reluzente lago, era comum ouvir
o coaxar de uma multidão de outras rãs, para além de uma colina vizinha.
Curiosa, um dia sacrificou o banho de sol e resolveu ir saltando até o outro lado da colina – que lhe parecia uma montanha – para dar uma olhada em suas irmãs rãs. Lá chegando, viu uma poça de margens altas – na verdade, um buraco bem raso – que não era maior do que um poço. A pequena poça era alimentada pelo desvio do córrego que desagüava, em sua maior parte, no lago. Assim que a rã apareceu no topo da colina, todas as rãs da poça coaxaram em uníssono, dando-lhe boas-vindas: “Olá, forasteira! Mergulhe aqui e goze da hospitalidade de nosso espaçoso lar!”
A rã do lago piscou e abanou a cabeça. A poça estava tão cheia, que o dorso das rãs que ali moravam cobria cada centímetro da superfície. Se aceitasse o convite, a rã do lago teria de ficar nas costas de uma de suas irmãs. Agradecendo cortesmente à líder, disse: “Agora não, minhas amigas, talvez em outra ocasião”, e saiu pulando.
No caminho de volta para a casa no lago, a rã aventureira quase morreu de rir, ao lembrar-se da voz da líder das rãs que dizia: “Venha para nosso espaçoso lar.” Ficou com pena da ignorante líder do grupo e triste por ter visto tantas rãs vivendo como sardinhas na pequena poça. Pensou: “Talvez seja uma oportunidade de fazer o bem; verei se posso ajudar aquelas rãs que vivem apinhadas, levando-as para minha espaçosa casa.” Imediatamente deu meia volta e foi pulando até a poça, onde foi recebida com renovado coaxar de boas-vindas.
A líder da comunidade da poça saltou à frente para saudá-la e, depois de oferecer algumas guloseimas anfíbias à convidada, perguntou-lhe: “Amiga, de onde você vem? A que devemos a honra de sua visita?”
“Quero levar todas para meu amplo lar”, respondeu a rã do lago. “Lá, poderão viver em liberdade e segurança. Acho que aqui vocês vão morrer sufocadas.”
Entretanto, a líder era orgulhosa. Perguntou: “Por favor, diga primeiro: qual o tamanho de seu lago? Será tão grande quanto isto?” E pulou uma distância de uns trinta centímetros para dentro da poça.
Com um piscar de olhos divertido, a rã do lago respondeu: "Negativo, minha amiga: o lago é muito maior do que isso.”
A rã da poça, que não estava querendo acreditar, pulou meio metro da margem e perguntou: “Será tão grande quanto isto?”
Rindo mais do que nunca, a rã do lago retrucou: “Nada disso, amiga; é muito maior.”
Então a iludida líder das rãs pulou até o meio da poça e disse: “Seu lago é maior do que isto?”
Coaxando alegremente, a rã do lago respondeu: “Minha amiga, é muito maior do que isto.”
Tomando o máximo de ar que podia, a líder saltadora pulou de um lado a outro da poça. “Será que seu lago tem a ousadia de ser deste tamanho?”, perguntou, certa da vitória.
A rã do lago não conseguiu conter seu senso de superioridade, e respondeu: “Na verdade, minha amiga, meu lago é maior do que mil poças como a sua."
A rã da poça estava agora zangada e descrente: “Impostora!”, gritou. “Encarnação da vaidade! O que você diz é impossível! Nada pode ser maior do que nossa poça!”
Entretanto, depois de muita argumentação, a visitante convenceu a líder da poça e suas irmãs rãs a visitarem o lago. Quando viu a grande massa de água, a cética líder das rãs da poça reverenciou a rã do lago, exclamando: “Poderosa irmã, sua mansão líquida é realmente muito maior do que jamais se poderia imaginar. Nunca teríamos percebido isso, se tivéssemos ficado naquele limitado ambiente. Só comparando nossa pequena e confinada casa na poça com seu imenso lago é que tivemos a sorte de entender a grandeza do lar que você nos ofereceu.”
A rã do lago ficou contente com o resultado tão positivo de sua boa ação, e garantiu às amigas que seriam bem-vindas em sua casa. E, assim, todas viveram felizes no lago.
Os fariseus da época de Jesus viviam em uma pequena poça de hipocrisia e fanatismo. É provável que se considerassem felizes, pois satisfaziam sua cobiça, seguindo o caminho da virtude com hipocrisia. Esses fariseus, certamente, não conseguiam nem imaginar a alegria e a sabedoria crística onipresente que Jesus possuía. Por sua ignorância, foram instrumentais na crucificação de Cristo. Somente se tivessem rejeitado a maldade, seguindo Jesus e sentindo a verdade como ele sentia, é que poderiam ter percebido suas falhas pessoais.
Da mesma forma, uma pessoa fanática experimenta um pouco de alegria por seguir sua religião, mas é incapaz de imaginar a ilimitada felicidade de sentir todas as igrejas como uma igreja de Deus, todas as religiões como uma Verdade, e todas as pessoas religiosas como filhas de um só Deus.
O dogmático vive no cativeiro da limitação, e depois de ultrapassar os portais da morte, só pode esperar viver em outra prisão de dogmas no além. O homem sábio e auto-realizado vive no coração de todas as igrejas, no coração de todos os ensinamentos, no coração da Verdade que a tudo permeia e no coração de todos os homens, pois está em sintonia com o Coração que pulsa em toda vida. Depois da morte, o sábio encontra, em cada partícula do espaço, um templo do Espírito; em cada centelha de sabedoria, um tabernáculo da presença divina; e, em cada coração, um santuário do Infinito.
Paramahansa Yogananda
Curiosa, um dia sacrificou o banho de sol e resolveu ir saltando até o outro lado da colina – que lhe parecia uma montanha – para dar uma olhada em suas irmãs rãs. Lá chegando, viu uma poça de margens altas – na verdade, um buraco bem raso – que não era maior do que um poço. A pequena poça era alimentada pelo desvio do córrego que desagüava, em sua maior parte, no lago. Assim que a rã apareceu no topo da colina, todas as rãs da poça coaxaram em uníssono, dando-lhe boas-vindas: “Olá, forasteira! Mergulhe aqui e goze da hospitalidade de nosso espaçoso lar!”
A rã do lago piscou e abanou a cabeça. A poça estava tão cheia, que o dorso das rãs que ali moravam cobria cada centímetro da superfície. Se aceitasse o convite, a rã do lago teria de ficar nas costas de uma de suas irmãs. Agradecendo cortesmente à líder, disse: “Agora não, minhas amigas, talvez em outra ocasião”, e saiu pulando.
No caminho de volta para a casa no lago, a rã aventureira quase morreu de rir, ao lembrar-se da voz da líder das rãs que dizia: “Venha para nosso espaçoso lar.” Ficou com pena da ignorante líder do grupo e triste por ter visto tantas rãs vivendo como sardinhas na pequena poça. Pensou: “Talvez seja uma oportunidade de fazer o bem; verei se posso ajudar aquelas rãs que vivem apinhadas, levando-as para minha espaçosa casa.” Imediatamente deu meia volta e foi pulando até a poça, onde foi recebida com renovado coaxar de boas-vindas.
A líder da comunidade da poça saltou à frente para saudá-la e, depois de oferecer algumas guloseimas anfíbias à convidada, perguntou-lhe: “Amiga, de onde você vem? A que devemos a honra de sua visita?”
“Quero levar todas para meu amplo lar”, respondeu a rã do lago. “Lá, poderão viver em liberdade e segurança. Acho que aqui vocês vão morrer sufocadas.”
Entretanto, a líder era orgulhosa. Perguntou: “Por favor, diga primeiro: qual o tamanho de seu lago? Será tão grande quanto isto?” E pulou uma distância de uns trinta centímetros para dentro da poça.
Com um piscar de olhos divertido, a rã do lago respondeu: "Negativo, minha amiga: o lago é muito maior do que isso.”
A rã da poça, que não estava querendo acreditar, pulou meio metro da margem e perguntou: “Será tão grande quanto isto?”
Rindo mais do que nunca, a rã do lago retrucou: “Nada disso, amiga; é muito maior.”
Então a iludida líder das rãs pulou até o meio da poça e disse: “Seu lago é maior do que isto?”
Coaxando alegremente, a rã do lago respondeu: “Minha amiga, é muito maior do que isto.”
Tomando o máximo de ar que podia, a líder saltadora pulou de um lado a outro da poça. “Será que seu lago tem a ousadia de ser deste tamanho?”, perguntou, certa da vitória.
A rã do lago não conseguiu conter seu senso de superioridade, e respondeu: “Na verdade, minha amiga, meu lago é maior do que mil poças como a sua."
A rã da poça estava agora zangada e descrente: “Impostora!”, gritou. “Encarnação da vaidade! O que você diz é impossível! Nada pode ser maior do que nossa poça!”
Entretanto, depois de muita argumentação, a visitante convenceu a líder da poça e suas irmãs rãs a visitarem o lago. Quando viu a grande massa de água, a cética líder das rãs da poça reverenciou a rã do lago, exclamando: “Poderosa irmã, sua mansão líquida é realmente muito maior do que jamais se poderia imaginar. Nunca teríamos percebido isso, se tivéssemos ficado naquele limitado ambiente. Só comparando nossa pequena e confinada casa na poça com seu imenso lago é que tivemos a sorte de entender a grandeza do lar que você nos ofereceu.”
A rã do lago ficou contente com o resultado tão positivo de sua boa ação, e garantiu às amigas que seriam bem-vindas em sua casa. E, assim, todas viveram felizes no lago.
Os fariseus da época de Jesus viviam em uma pequena poça de hipocrisia e fanatismo. É provável que se considerassem felizes, pois satisfaziam sua cobiça, seguindo o caminho da virtude com hipocrisia. Esses fariseus, certamente, não conseguiam nem imaginar a alegria e a sabedoria crística onipresente que Jesus possuía. Por sua ignorância, foram instrumentais na crucificação de Cristo. Somente se tivessem rejeitado a maldade, seguindo Jesus e sentindo a verdade como ele sentia, é que poderiam ter percebido suas falhas pessoais.
Da mesma forma, uma pessoa fanática experimenta um pouco de alegria por seguir sua religião, mas é incapaz de imaginar a ilimitada felicidade de sentir todas as igrejas como uma igreja de Deus, todas as religiões como uma Verdade, e todas as pessoas religiosas como filhas de um só Deus.
O dogmático vive no cativeiro da limitação, e depois de ultrapassar os portais da morte, só pode esperar viver em outra prisão de dogmas no além. O homem sábio e auto-realizado vive no coração de todas as igrejas, no coração de todos os ensinamentos, no coração da Verdade que a tudo permeia e no coração de todos os homens, pois está em sintonia com o Coração que pulsa em toda vida. Depois da morte, o sábio encontra, em cada partícula do espaço, um templo do Espírito; em cada centelha de sabedoria, um tabernáculo da presença divina; e, em cada coração, um santuário do Infinito.
Paramahansa Yogananda
Que belo exemplo...!
ResponderExcluirQue alegria encontrar este blogue! Que belo conteúdo há aqui!
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