O recifense Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho mudou-se
ainda jovem para o Rio de Janeiro. Em 1903, transferiu-se para São Paulo, onde
iniciou o curso de engenharia na Escola Politécnica. No ano seguinte, abandonou
os estudos por causa da tuberculose e retornou para o Rio, onde escreveu poesia
e prosa, fez crítica literária e deu aulas na Faculdade Nacional de Filosofia.
Por causa da doença, passou longos períodos em estações climáticas no Brasil e
na Europa. Entre 1916 e 1920, perdeu a mãe, a irmã e o pai.
Em 1917, publicou "A Cinza das Horas", de nítida
influência parnasiana e simbolista. Dois
anos depois, lançou "Carnaval", fazendo uso do verso livre. Já se
mostrava um dos precursores da linha modernista, e Mário de Andrade o chamaria
de "São João Batista do modernismo brasileiro". Apesar disso, em
1922, por não concordar com a intensidade dos ataques feitos aos parnasianos e
simbolistas, não participou diretamente da Semana de Arte Moderna (nem sequer
viajou para São Paulo).
No entanto, seu poema "Os Sapos", lido por Ronald
de Carvalho na segunda noite do acontecimento, provocou muitas reações. Nele,
Bandeira se vale mais uma vez do verso livre, principal característica de sua
obra:
"Enfunando os papos,/ Saem da penumbra,/ Aos pulos, os
sapos./ A luz os deslumbra./ Em ronco que aterra,/ Berra o sapo-boi:/ 'Meu pai
foi à guerra!'/ 'Não foi!' - 'Foi!' - 'Não foi!'"
Com "O Ritmo Dissoluto" (1924) e
"Libertinagem" (1930), temos um poeta totalmente integrado no
espírito modernista. "Libertinagem" apresenta alguns poemas
fundamentais para entender a poesia de Bandeira: "Vou-me embora pra
Pasárgada", "Poética", "Evocação do Recife" e outros.
Aparecem ali seus grandes temas: a família, a morte, a infância no Recife, os
indivíduos que compõem as camadas mais baixas da sociedade.
Apesar dos amigos e das reuniões na Academia Brasileira de
Letras (para a qual foi eleito em 1940), Bandeira viveu solitariamente. Mesmo
sendo um apaixonado pelas mulheres, nunca casou: dizia que "perdeu a
vez".
Morreu aos 82 anos, de parada cardíaca e não de tuberculose,
a doença que o acompanhara durante parte tão grande de sua vida.
Fonte - http://educacao.uol.com.br
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