1. A NOVA GERAÇÃO. No meu tempo de jovem, respeitávamos os idosos, tratando-os de “senhor” e dando-lhes o máximo apreço. Quando o conferencista chegava, a juventude levantava-se e o saudava.
Agora, as coisas mudaram. Fui convidado para uma gincana em afamado colégio de Fortaleza. Deveria falar sobre um dos meus livros e o estilo usado ao escrever.
A garota encarregada veio buscar-me de carro. Ao chegar ao colégio, entregou-me a um colega, nesta linguagem errada e indelicada: “Leve ele...” Em certo local, o moço apontou para suja arquibancada de cimento, dizendo-me, sem cortesia: “Senta aí...” E se mandou. Descobri umas carteiras de aula, em outro plano. Sentei-me em uma delas, olhando a desorganização. Empós, chamaram-me para falar aos estudantes. Felizmente, fui ouvido em relativo silêncio (é difícil o total), porque busquei tema de humor, o dos prenomes estrambólicos.
Os valores para a maioria da juventude da época moram somente no jogador de futebol, no artista de novela e no cantor da classe, sobretudo, os gays. Porque o despreparo dela consegue entendê-los facilmente. Se o visitante tivesse sido um desses heróis, haveria “babação” na entrada, na permanência e na saída. Beijado mesmo.
Quando os atuais jovens alcançarem a minha idade, não mais serão ouvidos. A vaia talvez seja a recepção menor, vingando os mais velhos de hoje.
Publicado em: 17 de setembro de 1983
Jornal O POVO
Itamar Espíndola
Itamar Espíndola
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