Sem dúvida, Fátima é um dos bairros mais queridos de Fortaleza. Há algo nele que desperta a simpatia dos fortalezenses. Com ótima localização e sem (ainda!) o excesso de agitação de outros bairros nobres - como a Aldeota -, o Bairro de Fátima assume um perfil mais discreto. Familiar. E um tanto enigmático, com muitas ruas descontínuas, que se interrompem e entrecortam o tempo todo.
Há alguns anos, o bairro passa por uma “transformação de personalidade”. De um local majoritariamente formado por residências, aos poucos, Fátima cresce para o alto. Por onde se olha, há novos edifícios em construção. A valorização é tão grande que o Bairro de Fátima já é um dos metros quadrados mais caros da Cidade.
Ela encara a expansão imobiliária como algo natural. “É como se fosse o progresso. Hoje em dia, o povo está querendo muito morar em apartamento. É mais seguro, né?”, comenta. Dona Marlene afirma ser comum o assédio das construtoras pelas casas da região. Inclusive, as da travessa onde mora. Ela titubeia ao ser questionada se venderia a casa. “Se os vizinhos venderem também...”, dando a entender que seguiria uma decisão coletiva de retirada.
Só que, no fundo, a aposentada quer mesmo é permanecer no bairro. “Eu peço a Nossa Senhora de Fátima todo dia que arranje um jeito de eu ficar. Aqui é tão bom. Você tem tudo que precisar”, diz ela, acrescentando: “Só precisa ter dinheiro”, já que o custo de vida no bairro está cada vez mais alto.
Talvez nenhum outro bairro em Fortaleza tenha uma ligação tão forte com uma igreja como o Bairro de Fátima. A igreja homônima é a principal referência do bairro. A ideia de construção do santuário começou em 1952, quando a imagem de Nossa Senhora de Fátima (localizada em Portugal) chegou a Fortaleza, durante uma peregrinação feita com a imagem pelo mundo.
Antes, a área era formado por sítios pertencentes a coronéis, “como Pergentino Ferreira e José Euclides”, conta Rodrigo da Silva, 63. Ele chegou ao bairro em 1958, quando o pai arrendou um desses sítios para criar gado e plantar frutas e verduras.
O terreno onde hoje fica a igreja, inclusive, foi doado pelo coronel Pergentino Ferreira. No fim de 1952, foi dado início às obras do santuário. “Quando foi lançada a ‘pedra fundamental’ eu vim com a minha avó. Ela era devota de tudo que era santo”, relembra dona Marlene. O templo foi concluído em 1955. “É a mesma estrutura até hoje. O nome do bairro veio depois da (construção da) igreja”, informa padre Ivan de Souza, pároco da Igreja de Fátima.
Seu Rodrigo conta que a construção da avenida Aguanambi - segundo ele, no fim da década de 60 - representou uma grande mudança para o bairro. A fazenda do pai dele, por exemplo, não pôde mais funcionar, já que a avenida ocupou boa parte do terreno. “Depois que fez a Aguanambi, aí voou (expandiu)”, diz ele, referindo-se ao crescimento na construção de casas no bairro.
“Não troco Fátima por bairro nenhum. É um dos melhores bairros para se viver, onde todo mundo se conhece, mas cada qual no seu cada qual. Ninguém se mete na vida particular de ninguém”, garante seu Rodrigo.
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