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segunda-feira, 27 de julho de 2015

Reflexões sobre o dinheiro



Se você quiser saber sobre alguém pergunte-lhe o que pensa sobre três questões: sexo, tempo e dinheiro. Todos acham que já sabem tudo sobre a primeira. Sobre a segunda, sempre há muito conselho e pouca prática. Sobre a terceira, bem, podemos dizer que isso é o que move a humanidade.

O dinheiro está na cabeça do mundo porque relaciona-se à forma como as necessidades mais primárias são satisfeitas: vestir, comer, beber, morar e tudo o mais para manter a vida material. Para o país, é ele o PIB, Produto Interno Bruto, o termômetro da prosperidade de um povo. Para as empresas, o capital (cabeça). De fato, quando a empresa vai mal, a primeira providência é “cortar” algumas cabeças. Apesar do conhecimento ser considerado a mola-mestra da sociedade moderna, ele vale pouco se não é capaz de produzir mais capital. Empresários,
gerentes e diretores de empresas estão arrancando os cabelos para transformar conhecimento em dinheiro. Não há perdão: ou perdem os cabelos ou perdem a cabeça. Carvalho, o meu vizinho aqui do 502, aposentou-se recentemente. Salvou a cabeça por 30 anos, boa parte em cargos gerenciais. Quanto aos cabelos, estão tinindo de branco.

Acredito que o dinheiro é também chamado de capital porque, por ele, as pessoas andam perdendo a cabeça. Muitos se corrompem, roubam, assaltam e comprometem sua liberdade, às vezes por alguns trocados. É um grande engano pensar que o dinheiro vem com facilidade. Há uma lei misteriosa para o dinheiro: quanto mais rápido chega, mais rápido parte. A vantagem do dinheiro suado é que o sujeito também aprende a gastá-lo, acertando na receita básica para a boa administração financeira: o equilíbrio entre a entrada e a saída, se possível com alguma poupança.


Para as pessoas, o dinheiro também designa o grau do “partido”. Quando se diz que alguém é um bom “partido”, geralmente estamos querendo dizer que esse tal tem “pano pras mangas”, ou seja, tem mufunfa, cacau ou dindim. Popularmente, ele também designa o grau de inteligência ou esperteza. Imagina-se que, quanto mais inteligência, mais dinheiro. Nesse caso, creio que temos que promover as loiras que estão aí nas emissoras de televisão, todas enchendo os bolsos, rindo dos filósofos e intelectuais. Certamente esse preconceito deve mesmo ser repensado, pois quase toda semana tem algum ganhador de loteria que vai se passar de inteligente pelo resto da vida, quando na verdade precisou apenas riscar alguns quadrinhos.

Percebemos que, na prática, não existe discriminação contra cor, raça ou sexo das pessoas. O que existe mesmo é discriminação em relação à quantidade de dinheiro que elas possuem. Na sociedade, o dinheiro é algo assim como uma lupa. É através dele que o mundo nos vê e é com ele que vemos e experimentamos o mundo. É um critério muito injusto olhar o mundo e as pessoas dessa forma, pois assim o ser humano acaba por se transformar numa entidade financeira. Talvez, por isso, é que é ele também chamado de vil metal. Vil porque, como critério para medir pessoas, tem pouco valor, é desprezível.

Muitas outras verdades e mentiras já falaram sobre o dinheiro. Outro amigo meu, filósofo, veio me dizer certa vez que, quando não corremos atrás do dinheiro, é ele que corre atrás da gente. Achei que fazia algum sentido não viver ansioso atrás do dinheiro, pois é daí que vem o estresse pela corrida e a depressão pela demora. Mas o dinheiro correr atrás da gente … aí era bom demais para ser verdade. Aliás, confesso que cheguei até a sonhar com isso. Notas de cem reais me perseguindo embalaram muitas noites de sono. Correndo no calçadão, quase que entorto o pescoço para ver se não havia pelo menos uma notinha de R$ 10,00 no meu encalço. O máximo que consegui foi uma moeda de cinquenta centavos e alguns puxões de orelha, pois minha mulher jamais acreditou nessa história.

Mas quando li uma máxima de Henry Ford, um notório ganhador de dinheiro, que dizia “Se o dinheiro for sua esperança de independência, você jamais a terá. A única segurança verdadeira consiste numa reserva de sabedoria, competência e experiência.” achei que fazia muito sentido. Foi aí que compreendi a história do dinheiro correr atrás da gente. Se nos concentrarmos em desenvolver nossos potenciais, certamente o dinheiro virá e com naturalidade. A moral da estória é essa mesmo: dinheiro é conseqüência e não causa.



A última verdade sobre o dinheiro que lembro agora diz respeito à generosidade. Parece haver uma secreta lei garantindo que quem reparte com os outros tem mais chances de ganhar mais, e quem entesoura só para si acaba na pobreza. A inteligência popular captou bem essa verdade, chamando de “miserável” quem retém tudo para si. Apesar de ter dinheiro, vive na miséria – um miserável bem vestido. A lição mais importante não é aprender a ganhar dinheiro, mas aprender a gastar o dinheiro ganho, o que inclui ser generoso com sabedoria.


Dizem que quem inventou o trabalho não tinha o que fazer. Depois dessas reflexões, cheguei a uma conclusão: quem inventou o dinheiro também não tinha o que fazer. Era um cara tranqüilo, desestressado, sem grilos. E ele não fazia a menor idéia da confusão que estava arranjando pra nós.

Escrito pelo nosso amado "maninho" Arnóbio Albuquerque.

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