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terça-feira, 4 de março de 2014

Cores e brilho na Avenida

O desfile dos Maracatus 

Sob aplausos da plateia na Avenida Domingos Olímpio, as agremiações de maracatu dão início  à serie de desfiles do Carnaval de Fortaleza. O maracatu é uma tradição antiga do carnaval da cidade.

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O maracatu cearense é uma tradição cultural que representa um cortejo real em homenagem aos reis africanos. É uma manifestação que engloba dança, música e teatro, os maracatus desfilam no carnaval de rua de Fortaleza com grande imponência. A personagem principal é a rainha. Pelo desfile, passam  índios, negros, príncipes, princesas, reis, escravos, corte, rainhas, bateria e algumas alas que mudam de acordo com o tema do desfile. Uma das principais marcas do maracatu cearense é a pintura na pele para caracterizar o negro.

As indumentárias dos brincantes são um grande atrativo nos maracatus, o brilho das fantasias, os detalhes dos bordados, as cores e os adereços dão vida, movimento ao espetáculo. O luxo, tão exaltado pelos brincantes e dirigentes, nos leva a imaginar que estamos em outro mundo, em outra atmosfera, o mundo dos maracatus.

Chega a tão esperada hora, os tambores rufam, o triângulo marca com imponência, inebriado com o som, a figura do baliza abre caminho. Feito um saltimbanco, um malabarista de circo, ele faz evoluções anunciando o cortejo.




Surgem então dois sentinelas, trazendo cada um uma lanterna acessa sobre a ponta de um mastro. Com sua luz abrem caminho para o estandarte luxuoso, com o nome, o símbolo e a data de fundação do maracatu em alto relevo, ele é a bandeira dos maracatus.





O primeiro cordão, ou ala, é a dos índios, representando guerreiros com cocares de penas coloridas, arco e flecha, os quais dançam meio que cambaleando, lembrando o “caminhar retrógrado e o balanceado dos crustáceos”. O ritmo marcado pelo estalar das cordas nos arcos combina perfeitamente com o som dos tambores. Os índios abrem o cortejo por terem sido os primeiros habitantes desse país. Eles não pintam o rosto de preto, pois representam uma outra raça. São fundamentais no desfile, representando uma mistura étnica que representa a cearensidade.





Os africanos (esta ala é opcional), tem como característica seus integrantes portando lanças ou motivos tribais. Representa as nações africanas e suas respectivas etnias.




Em seguida, vem o cordão das negras, representando as negras vindas de África para o Brasil. Usam trajes simples geralmente em cores escuras e turbantes. Dançam passos lentos sem muita coreografia. Para alguns grupos elas representam as “Iabas” do candomblé.






 Depois, surgem as baianas, com suas saias rodadas enfeitadas de renda e babado. Dançam girando, lembrando as baianas do candomblé.





Logo após vem o balaieiro, carregando sobre a cabeça um grande cesto com toda abundância de frutas, quanto mais cheio o balaio, mais mérito tem o balaieiro, que dança equilibrando o cesto durante todo o percurso do desfile. O balaio é associado à fertilidade, à natureza. Também representa a atividade de venda exercida pelas negras, libertas ou escravas, com balaios ou tabuleiros vendendo frutas e quitutes.






A negra florista, vem geralmente com cestos em palha trançadas repletos de flores naturais ou artificiais. Representa os vendedores ambulantes da época do Império. Podem também trazer verduras e doces bem, como, além de cestos de tabuleiro.




 

Aparece então a preta e o preto velho, com seus corpos encurvados andam lentamente como se estivessem incorporados pelos mais antigos ancestrais negros, dos seus cachimbos saem às baforadas para proteger os brincantes. Eles são a representação dos pretos velhos da umbanda.





Aproxima-se a dama do paço, carregando a calunga. Ambas vestem o mesmo traje. A calungueira, como também é chamada, baila com a boneca numa coreografia cheia de graça. calunga representa a ligação religiosa dos maracatus com a religião afro-brasileira. Em alguns grupos ela carrega o axé.





Os Orixás, entidades africanas que juntamente com a Calunga protegem e auxiliam o maracatu. Representam o sincretismo religioso africano cultuados pelo candomblé, umbanda e outras religiões africanas.





Em seguida surge a ala da corte, com seus príncipes e princesas usando roupas luxuosas e brilhantes. Com passos lentos e elegantes abrem caminho para a figura suprema do cortejo. A rainha vem acompanhada de seu rei, cobertos por um pálio rodopiante. Ao seu lado um incensador defumando o caminho por onde a rainha vai passar. Nada é tão solene como sua cadência elegante, seus braços abertos e receptivos, seu porte altaneiro, tudo nela é encantador. A sua coroação é o ápice do cortejo. Tudo pára nesse momento. Canta-se uma música especial, a coroa é colocada pela preta velha numa atitude de respeito às velhas africanas portadoras de grande sabedoria. A rainha também representa a “mãe África”. Em alguns maracatus ela é associada a rainha Ginga.










Por fim, com voz forte e imponente vem o macumbeiro ou tirador de loas, acompanhado por sua bateria, ou batuqueiros. O som cadenciado vem dos instrumentos de percussão: bombos, triângulos, caixa e chocalho (podendo variar de acordo com o grupo). 
Essa é a estrutura básica do maracatu, porém cada grupo pode acrescentar, ou retirar alguns personagens, assim como acrescentar instrumentos à bateria.








O maracatu cearense é considerado diferente, exótico, porque seus participantes pintam o rosto de preto e existem muitos homens travestidos de personagens femininas, como a rainha. No início do maracatu, só participavam homens, e foi assim por muito tempo. Mas na atualidade encontramos um grande número de mulheres participando do cortejo. No entanto, em alguns grupos, as mulheres não podem participar de determinadas alas, como a da bateria e da corte, para manter a tradição dos antigos maracatus.

Os blocos de Maracatus em Fortaleza surgiram em meados da década de 1930 e eram diferentes dos Maracatus de Recife. Enquanto os pernambucanos vêm de uma tradição secular, os de Fortaleza era somente uma brincadeira de carnaval. Como nos Maracatus originais do Recife, os Maracatus de Fortaleza tinham várias vestimentas dentro de um mesmo bloco, com a rainha, o rei, o índio, as baianas, o baliza, e outros. Vários blocos carnavalescos fizeram parte do carnaval de rua de Fortaleza no início do século XX e entre eles encontravam-se os blocos de Maracatus, como o Az de Ouro, o Az de Espadas, o Estrela Brilhante e o Rei de Paus (NIREZ, 1993).

O Maracatu do Ceará é a mais tradicional manifestação cultural de origem afro presente na cultura popular cearense e em especial no carnaval de rua de Fortaleza, onde se impôs como força representativa apresentando seu cortejo com imponência e beleza. Em suas apresentações, os batuqueiros e os tiradores de loas, responsáveis pela parte musical do cortejo, entoam cânticos homenageando orixás e figuras expressivas da cultura e da história afro-brasileira.

As imagens e o vídeo são do desfile de 2014.

Veja o vídeo dos Maracatus na Av. Domingos Olímpio.

Parabenizamos a todos os 14 grupos de maracatus que desfilaram neste ano de 2014, pelo brilho da apresentação na avenida.

Fonte consultada: Dissertação de mestrado da UFPE, de Ana Claudia Rodrigues da Silva -  2004.

4 comentários:

  1. Excelente trabalho de vocês.
    Sou Marcos, estive no evento na organização do som.

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  2. Péssima a imagem com a moça com o rosto pintado de preto. Lamentavel

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  3. Porem o restante do conteúdo está excelente, mas se atentem a certos detalhes que podem trazer uma leitura errada para as pessoas.

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