Selecione o idioma para traduzir os textos do blog.

sábado, 28 de maio de 2011

Vinhetas

    1. Se você alcançou os cinquenta, certamente  já deu vários "pregos" de memória. Não se assuste. Vêm do desgaste das células cerebrais e diminuição da acetilcolina, um neurotransmissor importante. Além disso, a partir dessa idade o arquivo mental vai-se enchendo. Desde antes mesmo do nascimento, quando o cérebro está em certa fase, tem início o registro de experiências. Há o caso daquela senhora grávida, sétimo mês. Um dia atendeu a uma vizinha cuja morte resultou de suicídio. Na hora do fato lutuoso tocava o sino da igreja local. Após o nascimento, a criança assustava-se e chorava ao ouvir o toque no campanário. Numa análise médica alguns anos depois, a paciente relacionou o barulho das badaladas do sino com a ansiedade transmitida pala mãe na ocasião da morte da amiga. Então os distúrbios desapareceram.
     Mas, voltando às panes de memória, se você recebe cumprimento na rua, e não se recorda da pessoa, ou, caso de recorde, torna-se incapaz de pronunciar-lhe o nome. A chegada de outrem é a salvação, se este invoca o nome do amigo comum. Maior angústia surgirá se a pessoa disser: Garanto, você não me está reconhecendo". Isto aconteceu com o pe. Nini. Uma jovem lhe disse exatamente esta frase. O sacerdote retrucou: "Nada, minha filha, sei quem você é". "Pois diga  o meu nome", insistiu a moça. O padre não teve recurso, foi saindo e falando: "Deixe de ser perversa... 
     Às vezes está-se com um amigo. Ao apresentá-lo, não se consegue declinar-lhe o nome. Aquele sufoco! Noutra ocasião é o telefone da pessoa para quem se liga costumeiramente. Não mais vem o número à mente. Pior quando é esquecido o dia do aniversário do casamento. Quase sempre a desculpa não funciona, as amizades se rupturam. 
      Se quiser atenuar estas falhas, pratique os atos em geral experimentando-lhes a sensação física da execução correspondente. Conscientize-a. Se puser um livro na estante, concentre-se nisto, no pegá-lo, no colocá-lo adequadamente. Olhe-o na posição deixada. Ao sair do carro, pense na chave, segure-a bem, sinta o abaixamento dos pinos e o fechar das portas. Ao deixar a casa, tranque o portão, ouça o ruído. Andando, ponha a planta toda do pé ao tocar o chão. Todo este ritual dá ordem e tranquilidade, facilita reter melhor os atos, equilibra o sistema nervoso.

      2. Suplicava a mulher:
       -  Delegado, pelo amor de Deus solte meu marido!
       - Não posso. Ele me afrontou. Quis comprar-me!
       - Não ligue, não, homem. Quando ele se embebeda, a mania é comprar coisa ruim.

Publicado em 31 de agosto de 1985
Jornal O POVO
                                                                 Itamar Espíndola
     

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Deixe aqui seu comentário. Comentários desrespeitosos e agressivos serão apagados. FELIZ 2020!!!!!

Seja muito bem-vindo e aproveite sua visita.